O Jornal da Manchete (1a Edição) foi ao ar pela primeira vez em 6 de junho de 1983, segunda-feira, primeiro dia útil de funcionamento da emissora. Nesta fase, o jornal era o programa mais importante da grade de programação e também aquele que melhor representava o posicionamento do canal.
Ao apresentar o Jornal da Manchete como o “carro-chefe” ou seu “cartão de visitas”, a Rede Manchete colocava o jornalismo como protagonista em cena, de uma maneira até então impensável na TV brasileira daqueles tempos.
Especial Jornal da Manchete 40 anos
Proposta
O noticiário era apresentado por segmentos que cobriam, respectivamente, cultura, esportes, notícias internacionais e notícias do Brasil. Era, literalmente, o maior telejornal da TV, chegando a duas horas de duração, quatro vezes mais que o tempo dos noticiários das outras emissoras.
A proposta era cobrir as notícias com profundidade, analisadas por comentaristas de prestígio. Já no ano de estreia, foi considerado pela crítica o jornal de maior credibilidade na TV, reconhecimento que se repetiria nos anos seguintes, quando oscilava entre o primeiro e o segundo lugar entre as emissoras não públicas.
Moderno
Seguindo padrões estético e narrativo declaradamente inspirados na prestigiada BBC de Londres e na recém inaugurada CNN americana, tinha cenário futurista, que deixava à mostra modernos equipamentos e funcionários trabalhando livremente entre o “switch” e a redação. Prateado, remetia uma nave espacial, padrão estético associado à alta tecnologia na época.
A triha sonora ajudava a compor a atmosfera de modernidade. O jornal era embalado pela canção Videogame, uma música instrumental jovem, composta sob encomenda pelo grupo Roupa Nova. A música-tema do Jornal da Manchete seria executada todos os dias (de seg. a sáb.), por 16 anos, persistindo mesmo depois do fim da emissora (entre maio e novembro de 1999, durante o período de preparação para a estreia oficial da RedeTV!).
Muitos telejornais confundem concisão com omissão. Divulgam, mas não explicam. E você fica sem saber a importância, o significado, as causas e conseqüências dos fatos nacionais e internacionais.
O JORNAL DA MANCHETE faz de cada notícia uma reportagem completa. Descreve, analisa, comenta e interpreta. Fornece todos os elementos para o espectador se situar e formar opinião.
Anúncio do Jornal da Manchete publicado em revistas do país, em 1984
Fases
O Jornal da Manchete foi apresentado por Ronaldo Rosas e Carlos Bianchini durante seus primeiros anos. Em 1989, passou para as mãos de Leila Cordeiro e Eliakim Araújo, durante os anos de maior sucesso da Manchete. Em 1993, Marcia Peltier assumiu a bancada, posição que ocuparia até outubro de 1998, quando se agravou a crise financeira do canal.
Apresentadores Titulares
- 1983 a 1987: Ronaldo Rosas e Carlos Bianchinni.
- 1987 a 1989: Carlos Bianchini.
- 1989 a 1992: Leila Cordeiro e Eliakim Araujo: o jornal ganha agilidade e uma linguagem mais próxima ao público. Foi o período de maior audiência da emissora e também do jornal, e quando o casal se consolidou como “Casal 20” da TV.
- 1993: de janeiro a maio, o jornal foi apresentado por Paulo Markun e Sonia Pompeu, no fim da gestão IBF.
- 1993 a 1998:Marcia Peltier, primeira mulher a ser o principal nome do jornalismo de uma emissora, e a apresentar um telejornal por mais de quatro anos.
- 1996: Marcia Peltier dividiu a bancada com Marcos Hummel entre setembro e dezembro.
- 1998 a 1999: Augusto Xavier e Claudia Barthel se alternavam na apresentação diária. Durante aquele período, greves forçaram a redução do jornal para trinta minutos diários.
Inovações
O telejornal buscou inovar durante toda sua trajetória. Além do cenário revelando a redação ao fundo, do jeito mais conversado de mostrar as notícias e da constante participação de comentaristas, o JM trazia frequentemente novidades no seu pacote gráfico, um hábito que o manteve à frente do seu tempo. Foi também o primeiro a ser apresentado a partir da cidade sede de um grande evento esportivo mundial, as Olimpíadas de Atlanta, em 1996 (e depois na Copa de 98).
O último cenário, inaugurado em março de 1998, foi uma volta às origens. A bancada aparecia novamente integrada à redação, devidamente modernizada, com computadores novos e móveis em madeira marfim. Um grande mapa-múndi “jateado” em um vidro transparente separava o apresentador dos colegas da redação. O cenário foi um dos mais elegantes da TV e serviria de inspiração para o Jornal Nacional dois anos depoi