Na Rota do Crime foi o primeiro reality da TV

Idealizado por Fernando Barbosa Lima, diretor geral da Rede Manchete, o jornalístico semanal Na Rota do Crime estreou dia 19 de abril de 1996, e fez tanto sucesso que ganhou edição diária apenas seis meses depois.

A concepção do programa

A ideia surgiu devido ao sucesso do episódio Na Rota da Morte, do 24 Horas, jornalístico que a Manchete exibia às segundas-feiras. Foi uma das maiores audiências do programa de Solange Bastos, ainda em 1995, naturalmente despertando o interesse dos diretores da emissora.

O “Na Rota do Crime” foi concebido para ir ao ar aos domingos, às 20h30. O diretor do programa, Hermes Leal, garantia que, apesar de fortes, a narrativa era de cinema, sem apelação ou cenas de sangue.

Ao assistir ao primeiro programa, porém, o presidente da emissora, Pedro Jack Kapeller, pediu a mudança de horário. Jaquito alegou que domingo era um dia de alegria, não condizente com o conteúdo ultra-realista apresentado. Assim foi decidido que o programa ocuparia a linha de shows das sextas-feiras, às 22h45.

Com o programa, a emissora entrava na disputa da audiência contra filmes da Globo (Intercine) e do SBT. Era um horário concorrido, onde até a CNT se destacava, ocupando a terceira posição com filmes eróticos e um seriado policial nacional chamado “Pista Dupla”.

“Na Rota do Crime” fez tanto sucesso que ganhou uma edição diária, com meia hora, a partir de setembro de 1996, antes do Jornal da Manchete. Mas sem deixar a linha de shows das sextas, que passou a ser tratada como “Na Rota do Crime Especial”, reunindo o melhor da semana.

O programa foi extinto em 1998, quando a emissora paralisou a produção de programas durante sua última e derradeira crise.

Formato

Produzido pela filial da Manchete em São Paulo, mas apresentado a partir do Rio por Marcos Hummel, “Na Rota do Crime” acompanhava o trabalho dos grupos especiais das polícias militar e civil paulistas, como a Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar) e o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), desde estouros de bocas de fumo até cenas de tiroteio entre policiais e traficantes. Além disso, também mostrava imagens de criminosos foragidos com o número do Disque Denúncia.

O repórter não aparecia no vídeo, nem havia locuções em off. Fugindo das coberturas jornalísticas, as ações eram narradas pelos próprios policiais que participavam das diligências.

Foi o primeiro reallity show da TV brasileira, numa época em que este termo sequer existia no mundo. O programa literalmente mostrava a realidade das operações policiais, praticamente sem cortes.

Sucesso

A reportagem de estreia mostrou a saída de mais de 40 viaturas para uma busca do bandidos na periferia de São Paulo e o flagrante de uma mulher acusada de traficar crianças.

Deu certo! O Na Rota do Crime passou a brigar pelo primeiro lugar com a Globo. Estreou já com 8 pontos e na edição de 6 de setembro de 1996, deu uma surra no SBT: 10 x 4 pontos no Ibope. E isso em São Paulo!

Durante os dois anos e meio que esteve no ar, foi, por muitas vezes o campeão de audiência da programação semanal da Manchete. Chegava a dar médias de 14 pontos, e ultrapassou a Globo várias vezes. Chegou a registrar média de 16 pontos em São Paulo.

“Na Rota do Crime” serviu também para aproximar o telespectador paulista da emissora, ainda vista por parte do público como um canal carioca.

Edição diária

Sucesso de audiência, em outubro de 1996 ganhou uma edição diária às 20h15 com meia hora de duração. Era apresentado por Florestan Fernandes, produzido na filial paulistana da emissora. A partir daí, passou a acompanhar as polícias de outros estados também, não se restringindo à polícia paulista.

Marcos Hummel continuava apresentando uma edição especial na faixa das 22h40 das sextas, que tinha os melhores momentos dos programas diários. O jornalista também apresentava, nesta época, o Jornal da Manchete ao lado de Marcia Peltier.

Em 1998 Marcos Hummel foi para a TV Bandeirantes e Augusto Xavier foi contratado para ocupar seu lugar nas edições semanais.