BRIDA – Prova de imaginação – Revista Época – agosto de 1998

Prova de imaginação

Como transformar Brida, um livro de 286 páginas e 4 personagens, em uma novela de 180 capítulos

Se a vida lhe der um limão, faça uma limonada. Foi mais ou menos essa a tarefa que o diretor Walter Avancini deu ao novelista Jayme Camargo ao entregar-lhe a adaptação do best-seller Brida, de Paulo Coelho, para a TV. “Falei para o Avancini: Isso não dá uma novela! Ele respondeu: O problema agora é seu. Por um desatino aceitei”, conta Camargo, que já havia trabalhado com o diretor na novela Nina (1977).

Durante os nove meses decorridos entre aquela primeira conversa e a estréia da nova novela da Rede Manchete, na terça-feira dia 11, o adaptador fez cinco sinopses para tentar transpor para a TV uma história que, resumidamente, trata da busca espiritual de uma mulher, Brida. A solução encontrada foi traçar um paralelo entre uma aldeia da Idade Média, um dos cenários do livro, e uma grande empresa no Rio de Janeiro, onde se passa a novela. Nesse ambiente circulam os dez personagens mais destacados da trama. No lugar da disputa pela terra, que significava poder, agora entra a briga por dinheiro. Personagens que no livro aparecem apenas no imaginário de Brida, como a virgem, a traidora, a mártir e a santa, ganharam vida e histórias próprias. Alguns outros, como um “feiticeiro do mal”, foram inventados para facilitar a compreensão.

A base da trama não difere de outras produções apresentadas na TV: a velha luta do bem contra o mal. “A novela existe para permitir que Brida faça seu trajeto. Ela é uma mulher comum que descobre um dom e vai caminhando para se transformar numa bruxa, que é a mulher do novo milênio”, avalia o roteirista. Mas Brida não apresenta a estrutura comum das novelas. “É uma novela em que a motivação é magia, poderes, premonições e sensibilidade. Assim não importam as classes sociais. Não há histórias paralelas. Tudo vai girando em um cabo central. Não há espaço para o tititi”, diz o adaptador.

Segundo Camargo, os milhares de leitores de Paulo Coelho talvez não reconheçam, num primeiro momento, a trama do mago. E, embora o escritor afirme não ter feito qualquer recomendação ao adaptador, Camargo frisa ter sido fiel à “mensagem espiritual” do autor. Se nada disso der certo, o espectador pode contar com um festival de nus. Anunciada como uma produção de US$ 12 milhões, quase US$ 67 mil por capítulo, Brida segue o padrão da Manchete e também vai apresentar inúmeras cenas sensuais. “Um dos passos para ingressar na magia é alcançar o orgasmo cósmico, que é a entrega em todos os sentidos, sem restrições”, destaca Camargo. Resta saber se o sucesso de Paulo Coelho nas livrarias vai se refletir na audiência da Manchete.

Por Mariana Scalzo

PAULO COELHO NA TV
Novela é baseada no romance de 1990, que vendeu 900 mil exemplares

Estréia: terça-feira dia 11, às 21h40, na Rede Manchete

Elenco: Carolina Kasting, Giovana de Toni, Augusto Xavier, Leonardo Vieira, Rubens de Falco, Othon Bastos, Manuela Dias, Guilhermina Guinle, Wanessa Bonelli e Fabiana Amorim

Direção: Walter Avancini

Adaptação: Jayme Camargo, com colaboração de Marcus Toledo, Ana Fadigas e Samy Wurman

Texto originalmente escrito por Miguel Rivera, em 21/01/2006

Por Diogo Montano

Diogo Montano é Bacharéu em Ciência da Computação, pós graduado em Gestão de Negócios, e trabalha há quase vinte anos unindo duas coisas que sempre gostou: comunicação e tecnologia. Cresceu assistindo à Globo e Manchete, canais de tv que tinham as melhores imagens da região. Em 1999, ainda antes de entrar na faculdade, publicou a primeira versão deste site, logo após a venda da Manchete.