Brida estreou no dia 18 de agosto de 1998. Recheada de efeitos especiais e baseada no best-seller de Paulo Coelho, a novela prometia ser mais um sucesso de audiência da Manchete. Protagonizada por Carolina Kasting, foi dirigida por Walter Avancinnni e adaptada por Jayme Camargo.
O fato do livro lançado por Paulo Coelho ter sido um grande sucesso de vendas- na época da estréia da novela ele já havia sido lançado 86 vezes- excitava a emissora a investir na novela. Brida tinha um custo caro para os padrões da Manchete. Mesmo não sendo uma novela de época, os recursos que precisavam ser utilizados se mostraram dispendiosos.
Mesmo com tantos entraves, a direção da Rede decidiu arriscar. Terminava a novela Mandacaru, de figurino pobre, e entrava no ar Brida, que contava com roupagem e cenários raquintados. Tudo isso era necessário porque a novela se passava num ambiente de alta sociedade.
Conteúdo:
Novela Brida fracassa e não salva a Manchete
A história começa na Irlanda do século XVII. Brida fugia das maldições de um bruxo. Passados 300 anos, o bruxo continua perseguindo a moça, a única que tinha poderes capazes de destruí-lo. Nessa encarnação, Brida é filha de uma família abastada e noiva de Lorens, interpretado por Leonardo Vieira. Seu pai é um dos sócios de uma importante empresa da qual seu mago arquirival é um dos principis empregados. Sem saber que o braço direito de seu pai é, na realidade, um bruxo que a atormentara em encarnações passadas, a moça vai passar pelos mais variados perigos em suas mãos.
Entre os atores, se destacaram: Rubens de Falco, Carolina Kasting, Leonardo Vieira, Fafy Siqueira, Tânia Alves, Carla Regina e Othon Bastos.
Abertura de Brida - Manchete - 1998
Podemos classificar a evolução de Brida, como sendo a própria evolução da Manchete. A novela entrou no ar com um custo alto e além disso, os patrocinadores tinham um contrato de risco com a emissora. De acordo com esse contrato, só haveria patrocínio, caso a novela passasse dos 5 pontos de audiência. A previsão da emissora era de que a novela atingisse 10 pontos, mas a audiência estacionou nos dois .
Sem patrocínio, a Manchete ficaria no prejuízo. Mesmo recorrendo às velhas fórmulas para alavancar a audiência, como muito erotismo, e convocando artistas conhecidos da casa, como Victor Wagner, Carla Regina e Tânia Alves, a audiência não subiu. A Manchete testou uma troca de horários, em setembro, quando a novela passou a ser exibida também às 19h15 (o capítulo era reprisado às 21h30), mas a audência foi igualmente decepcionante.
Aliado aos problemas da novela, os juros das dividas da Manchete cresceram junto com as taxas de câmbio de parte de sua dúvida. A situação de nossa economia era bastante ruim, o que afetou as receitas publicitárias de todas as emissoras de TV. Brida tinha a difícil missão de ser um sucesso capaz de fechar as cicatrizes expostas pelo prejuízo da Copa do Mundo e de toda conjuntura negativa que a Manchete atravessava naquele ano.
Em outubro de 99 o elenco da novela aderiu à greve dos demais funcionários da emissora, e cruzaram os braços. O vice-presidente da emissora confessou ao elenco “que o fracasso da novela esgotou os recursos da empresa“. Sem ter o que fazer, a direção da rede decidiu tirar a novela do ar na sexta-feira da mesma semana.
Anúncios da reestréia de Pantanal começavam a ser exibidos. Sem anunciar o horário de exibição, muitos acreditaram que se abriria um novo horário de novelas. Um final narrado pelo locutor oficial da Rede, Eloy De Carlo, foi improvisado e levado ao ar, naquela sexta-feira na qual poucos imaginavam o que estava acontecendo. Ninguém sabia ao menos se a novela voltaria ao ar na segunda-feira seguinte.
Nesse momento, pôde-se perceber a exata noção da situação da Rede Manchete. Juntamente com o fim da novela, o restante da programação da emissora também se esvaziava.
Texto originalmente escrito por Diogo Montano, em 24/09/1999
Final Improvisado da novela Brida - 1998
Ficha Tecnica:
Horário: 19 e 22h20. de 11 de agosto a 23 de outubro de 1998. 54 capítulos.
novela de Jayme Camargo. escrita por Jayme Camargo, Sônia Mota e Angélica Lopes. colaboração de Ana Fadigas e Samy Wurman. baseada no romance homônimo de Paulo Coelho.
direção de Wálter Avancini, Sérgio Mattar, Lizâneas Azevedo e Luís Antônio Pillar. direção geral de Wálter Avancini
Sinopse de Brida
Na Irlanda do século XVII, a jovem Brida fugia das maldições de um bruxo. Passados 300 anos, o bruxo continua perseguindo a moça, a única que tinha poderes capazes de destruí-lo. Nessa encarnação, Brida é filha de uma família abastada, e noiva de Lorens. Seu pai é um dos sócios de uma importante empresa da qual seu mago arqui-rival é um dos principais empregados. Sem saber que o braço direito de seu pai é na realidade um bruxo que a atormentara em encarnações passadas, a moça vai passar pelos mais variados perigos em suas mãos.
Brida não conseguia administrar seus poderes, que já começavam a se mostrar evidentes. O dom de enxergar o que estava por vir era um deles. Entre as amigas de Brida, a ambiciosa Priscila é apaixonada por Lorens e, seduzida pelo mago, arma as maiores ciladas para terminar com o romance de Brida com o rapaz.
A história central muda totalmente quando entram na trama vários novos personagens. Tânia Alves aparecia na história como sendo Mercedes, a dona do Spa onde Brida fora passar uns dias. Neste mesmo núcleo, surge , personagem de Victor Wagner e Elvira, personagem de Carla Regina. A novela é apimentada com cenas de sexo, e a sinopse inicial parecia estar esquecida.
Texto originalmente escrito por Miguel Rivera, em 21/01/2006
Elenco de Brida
CAROLINA KASTING – Brida
LEONARDO VIEIRA – Lorens
AUGUSTO XAVIER – Mariano
NADIA LIPPI – Leonor
RÚBENS DE FALCO – Vargas
OTHON BASTOS – Fradique
TÂNIA ALVES – Mercedes
FAFY SIQUEIRA – Valdete
VICTOR WAGNER – Edmundo
CARLA REGINA – Elisa
PATRICIA NOVAES – Isabel
GIOVANNA DE TONI – Vica
GUILHERMINA GUINLE – Priscila / Eileen
BETE MENDES – Diva
EDNEY GIOVENAZZI – Patrick O’Neal
PAULO RAMOS – Christian
WANESSA BONELLI – Guta
MANUELA DIAS – Inês
FABIANA AMORIM – Andréa
SANDRA BARSOTTI – Malu
JARBAS TOLEDO – Cláudio
CARLOS SATO – Tanaka
ROBERTA PORTO – Lílian
SIMONE MORENO – Ongala
WANDA STEFANIA – Marília
ANSELMO VASCONCELLOS – Henrique
ALEXIA DESCHAMPS – Diana
DANIEL LOUREIRO – Álvaro
CLÁUDIA RANGEL – Celina
CANDICE VALDUGA – Silvia
ROSANE GOFMAN – Socorro
ÂNGELA FIGUEIREDO – Elvira
GIAN CARLO – Alberto Vaz de Couto
SÉRGIO ABREU – Guilherme
ANDRÉA AVANCINI – Ermée
VIVIANE NOVAES – Beatriz
MARCELO BOSSCHART – Técio
LUÍS LOBO – Zé Alberto
FÁBIO MÁSSIMO – Ariovaldo
FABIANA RAMOS – Paulina
GISELE FRAGA – Selma
JOSÉ MARINHO – Varela
GLÓRIA PORTELA – Helena
ESTELA RENNER – Rita
FÁBIO PILLAR – Jacaré
JÚLIO LEVY – Clerston
NILL MARCONDES – Caio
PAULA SARDÁ – Dedé
RONALDO REIS – Afrânio
GUSTAVO LONG – Jonas
ROBERTA PORTO – Lílian
MARCOS PASQUIM
CHRISTINA FERRO – Bianca
MÁRCIA BARROS – Helga
MURILO ELBAS – Santos
elenco de apoio
ADRIANA RODRIGUES
ANTÔNIO DESTRO
BRUNO PADILHA
CHRISTINE BETHLEM
DANIEL DE OLIVEIRA
DEYSE BRAGA
EDUARDO ALBERGARIA
ELAINE GARCIA
ÉRIKA THEBALDI
FÁBIO DIAS
GILSON GOMES
MARCELO FILHO
MASSAYUKI ONISHI
MATILDE FIGUEIREDO
MILA RODRIGUES
MÔNICA MOURA
RICARDO HERRIOT
ROBERTA REPETTO
ROBERTO GRYCHAT
ROGÉRIO WAGNER
SÉRGIO MARANHA
TATHIANA NOVAES
TATIANA TOMÉ
THAÍS TEDESCO
VÁLTER MARCELO
VITOR MIHAILOFF
WAGNER BRAUDE
Texto originalmente escrito por Diogo Montano, em 24/09/1999
Dívidas, demissões e greves abalam a Manchete
Dívidas, demissões e greves abalam a Manchete
Final inesperado da novela ’Brida’ desencadeia grave crise na emissora carioca
Por: Beatriz Coelho Silva da Agência Estado
Na onda dos remakes que invade a TV, a crise da Manchete tem jeito de história que se repete, não como farsa, mas como tragédia. Lembra os últimos dias da Tupi, há 18 anos, quando a primeira emissora brasileira foi tirada do ar, com uma novela pelo meio, audiência lá em baixo e funcionários sem receber salários. Lançada em agosto e prevista para terminar só em junho, a novela “Brida” despediu-se de seus poucos telespectadores há duas semanas. O fim da história foi narrado por um ator, o ex-apresentador Augusto Xavier. Em greve por causa dos salários atrasados, Rubens de Falco, Carolina Kasting, Leonardo Vieira e os demais atores do elenco, além dos técnicos, se recusaram a gravar o desfecho antecipado.
Antes de ser tirada do ar, a novela, fracasso de crítica, audiência e, conseqüentemente, de faturamento, havia sofrido corte de um terço de seu pessoal. A magia de Paulo Coelho, autor do best seller que inspirou o diretor Walter Avancini a fazer a novela, não evitou o naufrágio. Apesar do investimento maciço em publicidade, Brida manteve a média de dois pontos de audiência. Confirmou uma operação descida que teve início com o último sucesso da emissora, “Xica da Silva“. Em 96, os melhores momentos de “Xica” renderam 14 pontos no Ibope. Em seguida, a Manchete caiu para seis pontos, com “Mandacaru“.
“Brida” custava caro para os padrões da Manchete: U$S 45 mil por capítulo. Avancini, a exemplo do que fez nas produções anteriores, tentou uma salvação de emergência. Quis esquentar a história com erotismo (até mesmo cenas de sexo grupal) e a convocação de estrelas da casa, como Victor Wagner e Carla Regina. Tudo em vão: os anunciantes continuaram fugindo, às carreiras. “Eles tinham com a emissora um contrato de risco: se o ibope não chegasse a cinco pontos, não haveria patrocínio para a novela”, conta o presidente do Sindicato dos Artistas, Stephan Nercessian. Segundo o diretor-comercial da agência DPZ, Daniel Barbará, foi prometido aos anunciantes uma audiência de dez pontos. Longe da meta, a emissora se compromete a veicular anúncios sem custo adicional.
O vice-presidente da Manchete, Carlos Siegelman, revelou aos atores que não pagará os salários porque o fracasso da novela esgotou os recursos da empresa. O superintendente-comercial das empresas Bloch, Osmar Gonçalves, também diz que “Brida” foi um dos estopins da crise. “Investimos muito e não tivemos o retorno esperado”, diz Gonçalves. Ele prevê para este ano uma queda de 30% no faturamento, que chegou a R$ 80 milhões em 97.
Futuro está nas
mãos da justiça
A crise da Manchete é antiga, embora só tenha ficado evidente no fim do mês, quando foram demitidos 600 funcionários e tirados do ar jornalísticos como “Câmera Manchete” e “Na Rota do Crime“. Sem garantias, estrelas da emissora trataram de ir embora. Raul Gil, que dava oito pontos sábado à tarde, foi para a Record. Márcia Peltier, que ancorava o “Jornal da Manchete” e produzia o “Márcia Peltier Pesquisa”, só esperou o primeiro turno das eleições para sair. Tudo indica que vá para a Bandeirantes. O diretor-geral, Fernando Barbosa Lima, voltou a sua produtora. Quer criar programas para o Mercosul.
Há duas semanas, a crise atingiu um ponto terminal. Sem receber os salários de setembro, os jornalistas e radialistas pararam no Rio, em Brasília e, na semana passada, em São Paulo. Parte dos programas que deixaram de ir ao ar foi substituída por televendas e programas religiosos. “Esse tipo de programação é a tendência da emissora”, diz Barbosa Lima. “Eu não concordava e por isso saí”. Na semana passada, atores, radialistas e jornalistas fizeram assembléias diárias em frente às sedes da emissora em São Paulo e no Rio. Os possíveis sócios e compradores nada declaram, para não afetar a audiência.
O direito de administrar a emissora, hoje, é disputado na Justiça por dois grupos, Bloch e IBF. O destino da Manchete está nas mãos da Justiça, mais precisamente do juiz Marco Aurélio Fróes, da 35ª Vara Civil do Rio. Enquanto estiver sub-júdice, a emissora não pode ser vendida. A audiência que vai resolver a pendenga ainda não foi marcada, mas dificilmente será este ano. A briga pela emissora vem de junho de 1992, quando a IBF comprou a rede por US$ 30 milhões, assumindo dívida de US$ 120 milhões. Paga a primeira parcela, uma auditoria avaliou a dívida da Manchete em US$ 240 milhões. “Diante disso, a segunda e a terceira prestações não foram pagas”, conta Roberto Lonessa, advogado da IBF. O Grupo Bloch entrou na Justiça para reaver o direito de gerir a rede.
A Manchete tem outras dívidas. A diretora-administrativa do Grupo Bloch, Jacqueline Kappeller, afirmou em reunião com sindicalistas que a folha de pagamento chega a R$ 5 millhões. A empresa, segundo dados extra-oficiais, tem dívida de R$ 85 milhões com o INSS até 97. O Sindicato dos Radialistas informa que, desde 90, a constribuição ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não é paga. (B.C.S.)
Fonte: AN Tevê
Texto originalmente escrito por Ricardo Santos de Almeida, em 11/04/2005