Principal telejornal da emissora, o Jornal da Manchete buscava dedicar mais tempo às notícias, com maior profundidade e com a participação de analistas. E inovou desde a estreia, sendo o primeiro a ter âncoras simultâneos em cidades distintas e a levar seu apresentador para a cidade sede dos grandes eventos esportivos.
O Jornal da Manchete estreou no dia 6 de junho de 1983, e foi o carro-chefe da programação nos seus primeiros anos de vida. Seguindo o padrão estético e linguagem semelhantes à prestigiada BBC de Londres e à recém inaugurada CNN, era o maior telejornal da TV, literalmente, com surpreendentes duas horas de duração. Com trilha sonora jovem, cenário futurista (desvendando os moderníssimos equipamentos e monitores da redação), era dividido em segmentos que cobriam cultura, esportes, notícias internacionais e nacionais. Às 19 horas daquela segunda-feira a canção Videogame, do Roupa Nova, tocou pela primeira vez na TV dos brasileiros. A música-tema do Jornal da Manchete foi uma das mais marcantes da TV, permanecendo no ar até meses após o fim da emissora (durante o período de transição para a RedeTV!).
Cenário futurista do jornalismo no RJ
A proposta era se aprofundar nas notícias e trazer análise de comentaristas de prestígio. Já no ano de estreia foi considerado pela crítica o jornal de maior credibilidade na TV, reconhecimento que se repetiria nos anos seguintes, sempre oscilando entre o primeiro e segundo lugares dentre as emissoras não públicas.
Apresentado nos primeiros anos por Ronaldo Rosas e Carlos Bianchinni, em 1989 passou para as mãos de Leila Cordeiro e Eliakim Araújo, durante a época de ouro da Manchete. Em 1993, Marcia Peltier assumiu, permanecendo até 1998, pouco antes de a emissora ser vendida.
O telejornal inovou muitas vezes. Além do cenário exibindo a redação ao fundo, do jeito mais informal de dar notícias e interagir com especialistas, o JM trazia constantemente novidades nas vinhetas e pacote gráfico, se mantendo sempre à frente do seu tempo. Também foi o primeiro a ter seu apresentador interagindo com âncoras em outras capitais por um telão, e o primeiro a ser ancorado da cidade sede de um grande evento esportivo, as Olimpíadas de Atlanta em 96 (e depois na Copa de 98) .
O último cenário mostrava a redação, devidamente reformada, atrás de um vidro com um mapa-mundi. Mais uma inspiração para o Jornal Nacional poucos anos depois.
Carlos Bianchinni e Ronaldo Rosas: os primeiros apresentadores.
Na estreia, o Jornal era dividido em vários segmentos, que depois acabaram virando programas distintos, denominados Manchete Panorama (cobria artes e espetáculos, apresentado por Iris Lettieri e Jacira Lucas), Manchete Esportiva (com Paulo Stein e Alberto Leo), Manchete Internacional, e finalmente o “Jornal da Manchete”, que era apresentado por Ronaldo Rosas e Carlos Bianchini.
Era apresentado da seguinte forma:
19h: uma super escalada, com a apresentação das principais notícias do dia.
19h05: Manchete Panorama: segmento de Cultura, artes e espetáculos.
19h30: Paulo Stein trazia a Manchete Esportiva, alternativamente com Alberto Leo.
20h: Ronaldo Rosas e Carlos Bianchinni apresentavam as notícias do Brasil e do mundo, aprofundadas e analisadas por nomes como Carlos Chagas e Villas Boas Correa. Luiz Santoro e Roberto Maya eram os apresentadores eventuais.
Ainda no ano da estreia os segmentos viraram oficialmente programas distintos, com Manchete Panorama começando às 19h seguido da Manchete Esportiva. Desta forma o JM começava às 19h40, com 1h30 de duração, sendo até o fim da Manchete o mais longo telejornal da faixa nobre da TV.
Em 1987 Ronaldo Rosas deixou a Manchete, e o JM ficou com Bianchinni, sem um substituto para Rosas.
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Leila Cordeiro e Eliakim Araujo se consolidam como o casal 20 da TV
Em agosto de 1989, Leila Cordeiro e Eliakim Araújo (até então apresentando o Jornal da Globo) foram contratados para ancorar o Jornal da Manchete, substituindo Bianchinni. Essa época de ouro da Manchete, caracterizada com novelas de sucesso e infantis vice-líderes, também se caracterizou por um show de jornalismo. A emissora, que até então se destacava nesse departamento, abriu ainda maior distância em relação às concorrentes. O jornalismo era ousado, inovador e realmente percebido como independente. Os repórteres chegavam antes e davam seguidos furos de reportagens. Nessa época, a Manchete já suspendia a programação para exibir ininterruptamente qualquer acontecimento importante no país. O Jornal da Manchete era ágil, tinha comentaristas e repórteres renomados e correspondentes espalhados pelo mundo. Leila e Eliakim se consagraram como o Casal 20 do telejornalismo.
Eliakim Araujo e Leila Cordeiro na Rede Manchete. Reprodução. Tratamento de imagem: Francisco Ucha e André Gil.
Leila Cordeiro e Eliakim Araujo
Em 1991, o cenário dos monitores foi desativado, sendo substituído por uma tela azul no Jornal da Manchete. Este cenário “azul chapado” não durou muito tempo. Jaquito ordenou que o cenário voltasse a ter ao fundo os tradicionais monitores. Com essa mudança, a abertura e o logo do jornal também mudaram.
1989: O Casal 20 da TV
1992
1992
1990
Marcia Peltier assume o jornal e se consagra como “musa” do telejornalismo.
Com a saída de Leila Cordeiro e Eliakin Aráujo da emissora em dezembro de 1992, o Jornal foi apresentado por Cesar Filho e Leilane Neubarth provisoriamente por alguns meses, até Márcia Peltier (que tinha um programa diário de debates no fim de tarde) aceitar o convite para assumir o Jornal, apoiada em São Paulo por Sérgio Rondino e em Brasília por Carlos Chagas. O JM ganhou nova abertura e pacote gráfico. Em 1994 novamente a abertura foi trocada, quando todos os jornalísticos passaram a ter um globo formado pela palavra “Manchete”.
1997
1993
1994
1995
1995
1998
1994/95
1995/96
1997
Em 1995 o jornal abandonou os tradicionais monitores da redação e ganhou um cenário amplo, com um enorme Mapa Mundi ao fundo, novo grafismo e também nova abertura. A equipe completa era composta por: Marcia Peltier (âncora, Rio), Carlos Chagas em Brasília, Florestan Fernandes em São Paulo (substituindo Sergio Rondino, que assumiu o Jornal da Noite na Band) , Villas Boas Correa comentando política e Denise Campos de Toledo como comentarista econômica.
Durante as Olimpíadas de 96, a emissora levou Márcia Peltier para ancorar o jornal diretamente de Atlanta. Marcos Hummel ficou no Rio, mas Marcia era quem comandava de lá o noticiário.
Marcia Peltier ancorou o Jornal da Manchete diretamente de Atlanta.
1997: Marcos Hummel assume o JM ao lado de Marcia
No início de 1997, Marcos Hummel, que vinha muiro bem apresentado o sucesso “Na Rota do Crime” e o telejornal “Manchete Verdade”, passa a fazer par com Marcia Peltier. Para acomodar dois apresentadores, não apenas a bancada foi substituída, mas sim todo o cenário, abertura e pacote gráfico. A audiência subiu. Mas inexplicavelmente Hummel voltou para o “Na Rota do Crime” e logo depois assinou com a Band. Peltier ficou sozinha novamente.
1997
1997
1997
1997
Em 1998, em nova evolução, o jornal voltou a reforçar o conceito de três edições. Com cenário novo (trazendo de volta a reformulada redação ao fundo), em março, estreavam o Jornal da Manchete Edição da Tarde, Jornal da Manchete, e o Jornal da Manchete Edição da Noite. Marcia Peltier continuava a frente da edição principal.
Peltier foi a primeira jornalista brasileira a entrar no Kremlin, em 96
Marcia foi a mulher que mais tempo permaneceu na apresentação de um telejornal até os anos 2000, quando seria desbancada por Fatima Bernardes e Sandra Annemberg. A loira polivalente teve ainda um programa semanal entre 96 e 98, e era chamada carinhosamente pela imprensa como a “musa” do telejornalismo.
Logo usada na chamada.
Logo do JM 1998
Florestan Fernandes, de SP
Carlos Chagas, Brasíla
Carlos Chagas na chamada do novo JM
Logo da Vinheta de abertura do Jornal da Manchete
O “Manchete Primeira Mão”, apresentado pelo experiente Berto Filho, estreou no meio de 1998, às 18h30. O propósito do Jornal era suprir a falta de jornalismo de qualidade que existina na TV nessa faixa de horário. TInha meia hora de duração e mostrava os principais fatos do dia.
Com a crise neste ano, porém, Márcia Peltier assinou contrato com a TV Bandeirantes e Augusto Xavier assumiu a bancada, revezando a apresentação com Claudia Bathel.
A título de curiosidade, cada telejornal recebia um nome-código na redação: ET (Edição da Tarde), JM1 (Jornal da Manchete), JM2 (segunda edição), ME1 (Manchete Esportiva Primeira Edição) e ME2 (Manchete Esportiva Segunda Edição), RM (Rio em Manchete) e SPM (São Paulo em Manchete).
Logo do JM 1998
Logo do JM 1998
A trajetória de Eliakim Araújo na Manchete
A trajetória de Eliakim Araújo na Manchete
Carlos Chagas em Brasíla
Carlos Chagas em Brasíla
Florestan Fernandes, de SP
Florestan Fernandes, de SP
1989: O Casal 20 da TV
1989: O Casal 20 da TV
1998: Brida é cancelada no meio e crise se instala na emissora
1998: Brida é cancelada no meio e crise se instala na emissora
Jornal da Manchete: A Noticia começa pela Manchete.
Jornal da Manchete: A Noticia começa pela Manchete.
Carlos Chagas na chamada do novo JM
Carlos Chagas na chamada do novo JM
Por onde andam os apresentadores do Jornal da Manchete
Por onde andam os apresentadores do Jornal da Manchete
A Trajetória do mais completo jornal da Televisão.
A Trajetória do mais completo jornal da Televisão.
Arte com os apresentadores titulares do Jornal da Manchete: Ronaldo Rosas(1) e Carlos Bianchinni(6), seguidos por Leila Cordeiro e Eliakim Araujo (2 e 3), e por último, Marcia Peltier(5). Carlos Chagas(4) sempre participou comentando Política e outras notícias de Brasilia.
Arte com os apresentadores titulares do Jornal da Manchete: Ronaldo Rosas(1) e Carlos Bianchinni(6), seguidos por Leila Cordeiro e Eliakim Araujo (2 e 3), e por último, Marcia Peltier(5). Carlos Chagas(4) sempre participou comentando Política e outras notícias de Brasilia.