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Dona Beija enfeitiçou o país

Horário: 21h30. de 7 de abril a 11 de julho de 1986. 89 capítulos. novela de Wilson Aguiar Filho. baseada nos romances Dona Beija, a Feiticeira de Araxá de Thomas Leonardos. e A Vida em Flor de Dona Beija de Agripa Vasconcelos. colaboração de Carlos Heitor Cony. direção de Herval…

Em 7 abril de 1986, a TV Manchete daria um passo importante na consolidação de sua dramaturgia com a estreia da novela Dona Beija. A história atingiu mais de 30 pontos de audiência, média de 15, e deu ao canal o sucesso de público e crítica que buscava havia dois anos.

Sucesso em sua primeira exibição na TV Manchete, Dona Beija consagrou Maitê Proença como símbolo sexual ao exibir cenas da atriz nua numa cachoeira, e cavalgando igualmente como veio ao mundo. Tanto que, no ano seguinte, ela estampou a Playboy como um dos ensaios sensuais mais comentados da época.

Baseada nas obras Dona Beija, a Feiticeira do Araxá, de Thomas Leonardo, e A Vida em Flor de Dona Beija, de Agripa Vasconcelos, a novela conta a trajetória de Ana Jacinta de São José, uma linda mulher que abalou a pacata Araxá (MG) no século XIX.

A novela teve a direção do experiente Herval Rossano, ex-diretor da TV Globo que era considerado expert em produções de época. Protagonizada por Maitê Proença e contando ainda com nomes como Sergio Britto, Gracindo Jr., Arlete Salles e Carlos Alberto(outro veterano em produções de época), teve 89 capítulos, inovando no formato mais curto, e custou 64 milhões de cruzados, equivalentes a cerca de 5 milhões de dólares naquele tempo.

Anúncio provocador de Dona Beija
Anúncio provocador da novela Dona Beija, com Maitê Proença

Sucesso de Audiência

A mistura da beleza de Minas Gerais vinha acompanhada de um fortíssimo enredo e de cenas de erotismo. A novela tinha os ingredientes necessários para manter o público ligado na Manchete.

A novela logo superou as expectativas, aumentando a audiência da Manchete de 5 para 15 pontos no horário, no primeiro mês no Rio. Retirou 5 pontos da Globo (44 para 39), 1 ponto do SBT (de 5 para 4 pontos) e 2 da Bandeirantes (4 para 2). Teve grande repercussão de público e de crítica em todo o país.

No terceiro e último mês, Dona Beija marcou 18% de share de audiência média no Rio, numa época em que a emissora ainda sofria alta rejeição na Grande São Paulo por causa do seu “sotaque” carioca. Na capital paulista os números oscilaram entre 5 e 6 pontos.

Na época, o mercado do Rio era mais relevante do que se tornaria anos depois, respondendo por 20% do investimento publicitário, contra 40% de São Paulo. A aferição de audiência no resto do país era precária, mas o painel nacional do Ibope apontava para os mesmos 18% dentre as TVs ligadas no país, ou 15 pontos percentuais do total (incluindo os aparelhos desligados no horário) 1.

Maitê Proença na capa da revista Fatos, em 1986
Maitê Proença na capa da revista Fatos, em 1986

Exibições

Dona Beija foi exibida no horário das 21:20hs, após o Jornal da Manchete, de segunda a sábado. Foi a segunda novela da emissora, e a primeira novela da faixa das 21h30. At

Foi também assistida por outros 15 países, entre eles, Estados Unidos e Japão.

Reprises

Na Manchete, Dona Beija foi reprisada duas vezes:

  •  de 09/05 a 20/08/1988, em 89 capítulos, de segunda a sábado, às 21h30 (devido ao atraso de Olho por Olho).
  •  de 05/10/1992 a 11/03/1993, em 102 capítulos, de 2ª a 6ª feira, às 21h30, durante o difícil período de greves e crise financeira, quando a emissora esteve sob a gestão de outro grupo econômico.

Dona Beija no SBT

Em 2009, o SBT decidiu reprisar a novela, fazendo suspense sobre durante o relançamento. A emissora anunciava uma “nova arma secreta”, “mais um sucesso da TV Manchete”, embalada no sucesso que a reprise de Pantanal teve no ano anterior. Mas a reexibição de “Beija” na faixa das 23hs ficou presa na média dos 4 pontos, e não correspondeu às expectativas de audiência.

Sinopse de Dona Beija

Baseada em uma história real, a novela retrata a trajetória corajosa de Ana Jacinta de São José, a Dona Beija, na cidade mineira de São Domingos do Araxá, no século XIX.

Amando Antônio Sampaio, homem de família conservadora e tradicional, Beija é vítima da cobiça de Mota, o ouvidor do rei em visita a Araxá. Depois de presenciar a morte de seu avô, Beija é raptada e levada à Vila de Paracatu, onde o ouvidor mora num belo casarão.

Para vingar-se de seu algoz, enquanto ele está fora de casa, Beija serve aos homens que a desejam em troca de jóias e ouro. Chamado pelo imperador a instalar-se na corte, Mota deixa Beija, que a essa altura já juntara uma grande fortuna. Ela parte de volta a Araxá para reencontrar sua antiga paixão, Antônio.

Mas Antônio já não esperava mais por Beija. Desiludido e não compreendendo as atitudes de sua amada, ele casa-se com a doce Aninha, moça frágil e delicada que sempre o amou. Com a recusa de Antônio, Beija promete não amar a nenhum outro homem e funda a Chácara do Jatobá, um refinado bordel onde ela se transforma num mito como cortesã, escandalizando todas as famílias conservadoras de Araxá. Seu intuito maior era ferir Antônio.

A chácara prospera, Beija torna-se poderosa, envolve-se com João Carneiro, mas não consegue se desligar de Antônio, o homem de sua vida. Até que uma tragédia acontece.

Análise Histórica

A análise do contexto social da época, sob a ótica dos documentos, nos leva a considerar um fator preponderante: Dona Beja na condição de mulher, de mãe, com estado civil de solteira, moradora no arraial de São Domingos de Araxá nas primeiras décadas do século XIX, teria alcançado uma posição de destaque na sociedade local. Casou suas filhas com membros de famílias influentes. Num tempo em que as mulheres eram habituadas a saírem de casa somente para assistirem à missa aos domingos (dentro da igreja agrupavam-se na nave, enquanto aos homens era concedido o privilégio de se concentrarem próximos ao altar), Anna Jacintha de São José parece ter sido uma mulher que exerceu a sua cidadania assumindo atitudes atribuídas exclusivamente ao sexo masculino.

A exemplo, algumas iniciativas como solicitar providências à administração pública ou tomar providências que seriam próprias desta, recorrer à justiça, comprar, vender ou constuir imóveis, e ocupar uma posição político-partidária como a ocorrida por ocasião do Movimento Político de 1842.

Comprovadamente, Anna Jacinta de São José foi proprietária de escravos, muitos dos quais ainda batizou. Foi proprietária de um sobrado situado na praça da antiga Matriz, fato que reforça sua posição social destacada pelo tipo de construção e pela localização do imóvel na Vila.

Em meados do século XIX, Anna Jacintha de São José teria se mudado para Bagagem (atual Estrela do Sul) por ocasião da corrida aos diamantes ali encontrados. A busca de novas perspectivas é procedente, bem como, o êxodo da população, já que naquele momento, Araxá atravessava uma fase de estagnação.

A vida de Dona Beja teria despertado atenção e encantamento a partir dos anos 30 e 40, como a construção do Grande Hotel e das Termas do Barreiro. Os trabalhos artísticos que enriquecem as paredes do Balneário mostram a figura dessa personagem e associam sua beleza ao valor das águas e da lama termal. Muitos escritores, araxaenses ou não, escreveram romances que tinham como tema central a vida de Dona Beja.

Texto originalmente escrito por Miguel Rivera, em 21/01/2006

Trilha Sonora de Dona Beija

  • TEMA DE DONA BEIJA – Wagner Tiso e Viva Voz
  • POENTE II – João de Aquino e Maurício Carrilho
  • LUZ E SOMBRA – Ivor Lancellotti
  • VIOLA E MEL – 14 Bis
  • A PROMESSA – Marisa Gata Mansa
  • FACHO DE LUZ – João de Aquino e Maurício Carrilho

Tema de Abertura

Tema de Dona Beija (Wagner Tiso e Viva Voz)

Beija flor, Beija menina
Quem a fez assim tão divina
Quem a fez tão bela e tão fera
Chuva e sol de primavera
Senhora de tantos amores
A dona de Araxá
Por ela sonham os homens
Quem a Beija beijará
Senhora também das dores
Do povo de Araxá
Por ela sofrem os homens
Quem a Beija vai desprezar
Que mistério basta um olhar
Ela vai nos enfeitiçando
Todo homem perde o rumo
E se entrega ao seu domínio
Que poder terá essa tal mulher
Com seu doce mortal veneno
Ela ama, ela odeia
Mas não sei se ela é feliz...

Elenco de Dona Beija

Elenco completo de Dona Beija

  • MAITÊ PROENÇA – Dona Beija (Ana Jacinta de São José)
  • GRACINDO JÚNIOR – Antônio Sampaio
  • CARLOS ALBERTO – Mota
  • BIA SEIDL – Aninha
  • MARCELO PICCHI – João Carneiro
  • ABRAHÃO FARC – Coronel Paulo Sampaio
  • MARIA FERNANDA – Cecília
  • MAYARA MAGRI – Maria
  • EDWIN LUISI – Padre Melo Franco
  • SÉRGIO BRITTO – Padre Aranha
  • SÉRGIO MAMBERTI – Coronel Elias Felizardo
  • ARLETE SALLES – Genoveva
  • LAFAYETTE GALVÃO – Costa Pinto
  • MARILU BUENO – Augusta
  • JONAS MELLO – José Carneiro de Mendonça
  • MARIA ISABEL DE LIZANDRA – Josefa
  • JAYME PERIARD – Avelino
  • FERNANDO EIRAS – Professor Gaudêncio
  • ARY COSLOV – Juca
  • CASTRO GONZAGA – Coronel Francisco Botelho
  • MÁRIO CARDOSO – Clariovaldo
  • RENATO BORGHI – Fortunato
  • ISAAC BARDAVID – Delegado Belegard
  • ANGELITO MELLO – Messias
  • JOÃO SIGNORELLI – Brigada
  • GUILHERME KARAN – Hans Fucker
  • VIRGÍNIA CAMPOS – Carminha
  • MONAH DELACY – Idalina
  • BRENO BONIN – Joaquim Botelho
  • NINA DE PÁDUA – Candinha da Serra
  • PATRÍCIA BUENO – Siá Boa
  • CLÁUDIA FREIRE – Rosely
  • JUCILÉIA TELLES – Severina
  • ANTÔNIO PITANGA – Moisés
  • LÉA GARCIA – Flaviana
  • HAROLDO DE OLIVEIRA – Ramos
  • IVAN DE ALMEIDA – Tião
  • JOSIAS AMON – Josué
  • MÍRIAM PIRES – Sinhana
  • SÍLVIA BUARQUE – Tereza Tomásia
  • ANA RAMALHO – Lúcia
  • SANDRA SIMON – Olívia
  • SHULAMITH YAARI – Dorothéia
  • EDSON SILVA – Honorato
  • ELISA FERNANDES – Liliane
  • ROBERTO OROSCO – Afonso
  • RENATO NEVES – Vespasiano
  • ADEMILTON JOSÉ – Padre José Maurício Nunes
  • ÂNGELA REBELLO – Maria Bernarda
  • BIA SION – Emerenciana
  • JACQUELINE LAURENCE – Madame Constança
  • CLEONIR DOS SANTOS – João Isidoro
  • EDSON GUIMARÃES – Deputado Guimarães
  • GUILHERME CORRÊA – Governador de Goiás
  • LEONARDO JOSÉ – Procurador do Governador de Goiás
  • ALDO CÉSAR – João Alves
  • JORGE CHERQUES – D. João VI
  • XUXA LOPES – Carlota Joaquina
  • TARCÍSIO FILHO – D. Pedro I
  • ODETE BARROS – D. Michella
  • MIGUEL ROSEMBERG – Inquisidor
  • HÉLIO RIBEIRO – Heleno da Fonseca
  • FELIPE WAGNER – Martin Ferreira
  • ARNALDO WEISS – Coronel Lourenço
  • GISELE FRÓES – Dolores
  • JOFRE SOARES – Profeta
  • ÂNGELA LEAL – Madre Superiora
  • CAMILO BEVILÁCQUA – Clementino Borges
  • HAROLDO BOTTA – Quarentinha
  • CRISTIANE LAVIGNE – Joana de Deus de São Tomé
  • MARIAH DA PENHA – Aparecida
  • KADU KARNEIRO – Felício
  • JULIANA PRADO – Luzia
  • ZENY PEREIRA – Maria
  • DILL COSTA – escrava
  • SIDNEY MARQUES – escravo
  • CRISTOVAN NETTO – escravo
  • MARCUS VINÍCIUS
  • DIRCEU RABELLO
  • ILEANA SASKA
  • JAIR DELAMARE
  • MARCELO VECCHI
  • MÁRIO GUSMÃO
  • CLÁUDIO DOLIANE
  • MOACIR PRINNA
  • SHEILA MATOS
  • HENRIQUE NUNES
  • ORION XIMENES – soldado
  • ÂNGELA REBELLO – Maria Bernarda
  • BIA SION – Emerenciana
  • JACQUELINE LAURENCE – Madame Constança
  • CLEONIR DOS SANTOS – João Isidoro
  • EDSON GUIMARÃES – Deputado Guimarães
  • GUILHERME CORRÊA – Governador de Goiás
  • LEONARDO JOSÉ – Procurador do Governador de Goiás
  • ALDO CÉSAR – João Alves
  • JORGE CHERQUES – D. João VI
  • XUXA LOPES – Carlota Joaquina
  • TARCÍSIO FILHO – D. Pedro I
  • ODETE BARROS – D. Michella
  • MIGUEL ROSEMBERG – Inquisidor
  • HÉLIO RIBEIRO – Heleno da Fonseca
  • FELIPE WAGNER – Martin Ferreira
  • ARNALDO WEISS – Coronel Lourenço
  • GISELE FRÓES – Dolores
  • JOFRE SOARES – Profeta
  • ÂNGELA LEAL – Madre Superiora
  • CAMILO BEVILÁCQUA – Clementino Borges
  • HAROLDO BOTTA – Quarentinha
  • CRISTIANE LAVIGNE – Joana de Deus de São Tomé
  • MARIAH DA PENHA – Aparecida
  • KADU KARNEIRO – Felício
  • JULIANA PRADO – Luzia
  • ZENY PEREIRA – Maria
  • DILL COSTA – escrava
  • SIDNEY MARQUES – escravo
  • CRISTOVAN NETTO – escravo
  • MARCUS VINÍCIUS
  • DIRCEU RABELLO
  • ILEANA SASKA
  • JAIR DELAMARE
  • MARCELO VECCHI
  • MÁRIO GUSMÃO
  • CLÁUDIO DOLIANE
  • MOACIR PRINNA
  • SHEILA MATOS
  • HENRIQUE NUNES
  • ORION XIMENES – soldado
  1. Números publicados pelo Jornal Folha de São Paulo, no dia 14 de julho de 1986