Nilton Travesso foi diretor de Programação e levou Monjardim para a Manchete

Um dos mais respeitados profissionais da TV, o diretor Nilton Travesso passou por muitas emissoras de TV desde a década de 50, criando programas de sucesso como Fantástico, TV Mulher e Balão Mágico na Globo, além de ser o responsável pela boa fase dramatúrgica do SBT na década de 90
(período em que Silvio Santos “fez a limpa” na Manchete e levou todos os artistas e atrações de sucesso).

Imagem de História da Rede Manchete
Nilton Travesso, então Diretor de Programação da Manchete, em frente ao enorme logotipo no alto da sede paulistana

Mas entre a saída da Globo e o desembarque no SBT, Travesso foi Diretor de Programação da Manchete durante a melhor fase da emissora, de 1988 e 1992. Foi ele quem fez o convite a Jayme Monjardim para ser Diretor Artístico da rede. Em entrevista ao Sonhar TV, contou sobre sua passagem pela emissora:

Começamos a ter audiência, a competir com a Globo, estávamos empatando… mas a Manchete se descontrolou. Nós perdemos a Manchete que, até hoje para mim, foi uma grande emissora.

Quando saí da Globo, montei uma produtora, mas não deu certo porque o plano econômico da época acabou com o nosso dinheiro. A Manchete me convidou para ser diretor de programação em 19 de maio de 1989, e voltei para o Rio de Janeiro. No mesmo dia, convidei o Jayme Monjardim. Eu o conhecia desde criança, cuidei dele quando a mãe, Maysa, começou. A primeira apresentação dela, e isso não apareceu no especial da Globo, foi na rádio Record, na rua Quintino Bocaiúva.

Jayme falou: ‘Estou saindo da Globo porque vou fazer comerciais. O Boni me liberou e eu não quero fechar as portas. Se você falar com ele e não houver problema, posso ir’. Boni falou: ‘Não tem problema, pode levar o menino’. E o Jayme deslanchou o projeto com o Benedito Ruy Barbosa, que estava havia cinco anos na gaveta da Globo, tanto que o Benedito topou ir para a Manchete se fizesse Pantanal exatamente como estava na cabeça dele. O Jayme deu uma nova leitura para a dramaturgia. Foi um acontecimento. Começamos a ter audiência, a competir com a Globo, estávamos empatando.

Vou contar um negócio impressionante, meio moleque que fizemos na época. Nós entrávamos na frequência da Globo no Sumaré e ficávamos ouvindo a programação conversando quando a novela iria acabar. Nosso casal 20 do telejornal, Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, ficavam com duas, três notícias frias em cima da mesa. Quando terminava a novela da Globo, o Eliakim dava o boa noite e começávamos Pantanal, era impressionante. Depois de uns dois meses, a Globo descobriu que nós estávamos entrando na frequência deles. Fazia parte. É um lado que não deixa de ser romântico.

Também fizemos Ana Raio e Zé Trovão, mas a Manchete se descontrolou. Nós perdemos a Manchete que, até hoje para mim, foi uma grande emissora.

Pantanal na Globo vai ser um grande acontecimento. Eu vi no Fantástico a reportagem apresentando o novo projeto. Acho que a Globo vai dar uma vida totalmente diferente da Manchete, que tinha a leitura do Jayme. Não sei se a Juma vai ter o mesmo encantamento, o elenco de Pantanal também era uma coisa inacreditável.

Nilton Travesso

Começamos a ter audiência, a competir com a Globo, estávamos empatando… mas a Manchete se descontrolou. Nós perdemos a Manchete que, até hoje para mim, foi uma grande emissora.

“Quando saí da Globo, montei uma produtora, mas não deu certo porque o plano econômico da época acabou com o nosso dinheiro. A Manchete me convidou para ser diretor de programação em 19 de maio de 1989, e voltei para o Rio de Janeiro. No mesmo dia, convidei o Jayme Monjardim. Eu o conhecia desde criança, cuidei dele quando a mãe, Maysa, começou. A primeira apresentação dela, e isso não apareceu no especial da Globo, foi na rádio Record, na rua Quintino Bocaiúva.
Jayme falou: ‘Estou saindo da Globo porque vou fazer comerciais. O Boni me liberou e eu não quero fechar as portas. Se você falar com ele e não houver problema, posso ir’. Boni falou: ‘Não tem problema, pode levar o menino’. E o Jayme deslanchou o projeto com o Benedito Ruy Barbosa, que estava havia cinco anos na gaveta da Globo, tanto que o Benedito topou ir para a Manchete se fizesse Pantanal exatamente como estava na cabeça dele. O Jayme deu uma nova leitura para a dramaturgia. Foi um acontecimento. Começamos a ter audiência, a competir com a Globo, estávamos empatando.
Vou contar um negócio impressionante, meio moleque que fizemos na época. Nós entrávamos na frequência da Globo no Sumaré e ficávamos ouvindo a programação conversando quando a novela iria acabar. Nosso casal 20 do telejornal, Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, ficavam com duas, três notícias frias em cima da mesa. Quando terminava a novela da Globo, o Eliakim dava o boa noite e começávamos Pantanal, era impressionante. Depois de uns dois meses, a Globo descobriu que nós estávamos entrando na frequência deles. Fazia parte. É um lado que não deixa de ser romântico.
Também fizemos Ana Raio e Zé Trovão, mas a Manchete se descontrolou. Nós perdemos a Manchete que, até hoje para mim, foi uma grande emissora.
Pantanal na Globo vai ser um grande acontecimento. Eu vi no Fantástico a reportagem apresentando o novo projeto. Acho que a Globo vai dar uma vida totalmente diferente da Manchete, que tinha a leitura do Jayme. Não sei se a Juma vai ter o mesmo encantamento, o elenco de Pantanal também era uma coisa inacreditável.”
Nilton Travesso
Diretor de Programação entre 88 e 92

Confira o vídeo:

Por Diogo Montano

Diogo Montano é Bacharéu em Ciência da Computação, pós graduado em Gestão de Negócios, e trabalha há quase vinte anos unindo duas coisas que sempre gostou: comunicação e tecnologia. Cresceu assistindo à Globo e Manchete, canais de tv que tinham as melhores imagens da região. Em 1999, ainda antes de entrar na faculdade, publicou a primeira versão deste site, logo após a venda da Manchete.