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Manchete muda e resgata Vila Sésamo

Matéria publicada pelo Jornal do Brasil, na íntegra,

MANCHETE MUDA E RESGATA VILA SÉSAMO

JORNAL DO BRASIL, 23 de fevereiro de 1992

A extravagante figura de Garibaldo, o gigantesco pássaro brincalhão de Vila Sésamo, vai voltar à TV brasileira em abril. O programa que encantou as crianças na década de 70 reestréia na tela da Manchete, que comprou os direitos de exibição da série de 262 episódios de 30 minutos cada um, gravada pela televisão americana entre 1988 e 89, e vai exibi-los diariamente ás 12h, encerando o programa Clube da criança.

A volta de Vila Sésamo é uma das muitas modificações na estrutura da programação da Manchete, que começará a ser percebida pelo público a partir da primeira semana de março. De início está decidido que os programas para o público infantil vão deixar as tardes e ocupar apenas o horário das manhãs. Por isto, Angélica passa para a faixa das 8h às 12h, diariamente, e saem do ar, definitivamente, os seriados japoneses Jaspion e Changeman. “Japonês aqui só a Tizuka”, brinca o diretor artístico da emissora, Nilton Travesso. Conforme ele diz, há dois anos este tipo de seriado tinha importância porque rompeu uma programação exclusivamente de desenhos animados, mas agora a fórmula está esgotada.

Nesta mexida geral, que está entusiasmando Nilton Travesso e o diretor de programação Darcy Burger, a Manchete quer se apresentar também como a emissora dos grandes musicais, reforçando uma imagem de alegria e descontração. O primeiro sinal disto será dado pelo Milk shake, a parada de sucessos comandada por Angélica nas tardes de sábado. “Agora os números musicais estarão divididos em quatro blocos – sertanejo, romântico, rock e MPB – gravados com um auditório participativo”, antecipa.

Aliás, nesta sua nova fase a Manchete quer valorizar a presença do público em suas produções e vai montar um horário vespertino com dois programas apresentados ao vivo diante de auditórios. “É o público que vai nos dizer o que interessa, porque é ele que está com a cabeça quente”, define Travesso.

Abrindo o horário das tardes, logo após a apresentação da primeira edição do Jornal da Manchete, entra no ar o novo Almanaque, escrito por Rosana Hermann, que pretende atender o público feminino sem voltar ao modelo do TV mulher, uma criação do mesmo Nilton Travesso para a TV Globo no inicio dos anos 80. “Naquela época a cabeça da mulher era outra”, admite ele, adiantando que haverá quadros de games, debates e entrevistas com a participação do público, além de uma intervenção da sexóloga Martha Suplicy (que estreou na televisão no próprio TV mulher) falando sobre Aids. Sem dispensar os assuntos tradicionais deste tipo de programa, como horóscopo e moda, Travesso aposta na característica de prestação de serviços para interessar o público de agora.

Em seguida ao Almanaque, no horário das 17h às 18h30, entra a jornalista Márcia Peltier debatendo atualidades como ela já faz no Sem censura da TVE. A fórmula não é exatamente a mesma, mas o espectador que estará no auditório ou em casa não vai deixar de fazer comparações. Com estas duas atrações, a Manchete quer consolidar nesta faixa de horário sua imagem de emissora voltada para o público feminino com forte característica de prestadora de serviços.

JORNAL DO BRASIL

23 de fevereiro de 1992

Por Diogo Montano

Diogo Montano é Bacharéu em Ciência da Computação, pós graduado em Gestão de Negócios, e trabalha há quase vinte anos unindo duas coisas que sempre gostou: comunicação e tecnologia. Cresceu assistindo à Globo e Manchete, canais de tv que tinham as melhores imagens da região. Em 1999, ainda antes de entrar na faculdade, publicou a primeira versão deste site, logo após a venda da Manchete.