Super Campeões

Nada de guerreiros de armadura, ou moleques revoltados que se amarram em porrada… O último anime a ser lançado na saudosa TV Manchete foi Super Campeões, uma série que em teoria deveria ser um grande sucesso no Brasil. Oliver Tsubasa e seu time de futebol, passaram na pior das piores fases da emissora ao lado de Yu Yu Hakusho e reprises de outros animes, e acabou virando motivo de piada pros otakus brasileiros, graças aquele futebol surreal retratado nas aventuras do aspirante a Pelé.

Mas se você souber apreciar as qualidades de um bom anime, você com certeza deve ter sido um daqueles que assistiam a série escondido feito eu e que hoje não tem vergonha de falar que acham o anime tão manero quanto esses chatomons que entopem a tv.

Entrando em Campo

A origem de Tsubasa data do começo da década de 80, quando o jovem Yoichi Takahashi, que sempre foi fã de esportes sobretudo o futebol começou a publicar seu mangá ( que por sinal, foi o primeiro do rapaz ) nas páginas da Shonen Jump. O sucesso do mangá começou ( inusitadamente, através da pirataria 😛 ) em Hong Kong e a Toei Company ( que não é boba nem nada, né ) começou a produção de uma série animada que durou 128 episódios ( ! ) de 1983 até 1988. Essa primeira série de mangá entitulada simplesmente de Captain Tsubasa rendeu impressionantes 37 volumes encadernados (74 edições se fosse lançado no Brasil *_* ) e chegou a dividir páginas na Jump ao lado de futuros sucessos como Dragon Ball e Saint Seiya.

Essa primeira série de anime/mangá narrou a trajetória de Oliver ( Ozora no Japão ) Tsubasa desde sua infância no time do infantil do Nankatsu até a final do campeonato regional, com o Nankatsu enfrentando o time do Kojiro Hyuuga que nessa 1ª versão se chamava Toho. Posteriormente, foi lançada a série SHIN CAPTAIN TSUBASA que mostrou os jogos da equipe Sub-16 do Japão, na qual os melhores jogadores apontados na 1ª série são escalados para seleção. Continuação direta da série original, Shin Captain Tsubasa é uma coleção de OVAs e também é inédita no Brasil. Foram lançados nada mais nada menos que 13 Ovas e 2 longa-metragens.

Depois de tentativas frustradas de emplacar novos título com outros esportes ( como o beisebol em Ace e atletismo em 100m Jumper ) e de fazer uma espécie de Spin-off de Tsubasa, publicando 2 volumes de uma história solo de Tarô Misaki ( o Carlos ), Takahashi voltou a desenhar as aventuras de Oliver em 1993. O novo título se chamou Captain Tsubasa World Youth.

O público que cresceu acompanhando a primeira série, delirou e acompanhou até o fim ( em 1997, com 18 volumes ) a publicação que narrou a saga de Oliver e seus amigos em campo até uma fictícia final da seleção japonesa contra o Brasil na copa do mundo de 1994. Hã… Adivinha quem ganhou Nesse mangá, surge o personagem Shingo Aoi, e a 2ª parte de Captain Tsubasa J é baseada nesse mangá.

Oportunista como só ela, a Toei resolveu fazer um remake da 1ª série de Tsubasa e colocou no ar em 1994, Captain Tsubasa J. Esse J vêm de J-League, uma liga japa de futebol que foi fundada em 1992, com grande contribuição do galinho brazuca Zico. E é essa série que passou na Manchete com o nome troncho de Super Campeões (como é conhecido em toda a América Latina).

Se você não lembra, em 94 o Japão foi classificado pra Copa do Mundo e o país estava muito entusiamado com isso. Por essa razão, Tsubasa foi posto na Tv outra vez, mas como o Japão voltou pra casa bem cedo dos EUA, a série começou a despencar em popularidade e acabou sendo cancelada com 46 episódios.

Bola rolando!

A história dos primeiros 33 episódios são uma espécie de versão ultra-mega-compactada da primeira série de 83. Vemos Oliver conhecendo o ex-craque brasileiro Roberto Maravilha ( ecow! É Roberto Hongo no original ) e entrando pro time infantil perna-de-pau da escola. A partir de lá ele faz uma gama de amigos enormes como o goleiro Benji ( não é um cachorro… Eo nome de verdade é Guenzo ) o bobão Ishizake, o outro craque Carlos ( Tarô ) Miyzaki e a torcedora apaixonada Néia ( Sanae ).

Entrando pro time do Nankatsu, ele e seus amigos enfrentam batalhas campais que não ficam nada à dever pras lutas dos Budokais de Dragon Ball ou a Guerra Galáctica dos Cavaleiros do Zodíaco ( annn .. guardando as devidas proporçõe né ). A luta, ops o JOGO mais foda e que marca o final de uma primeira etapa na série, é entre os times do Meiwa e Nankatsu. No lado do mal tinhamos um goleiro que lutava karatê ( porra meu! ) e o Tigre Kojiro ( com um bicão que explodia uma parede, mas não a bola O_O ). Depois de uma partida de 7 episódios ( O.o ) vemos Oliver conquistando a primeira etapa de seu grande sonho: jogar no Brasil ( ah côitadu… ).

Passado um tempo ( aannn no episódio 34 ), somos apresentados à um promisso moleque chamado Shingo Aoi. Ele teve um contato imediato com Oliver e desde então passou a querer se tornar um craque da bola. Depois de um jogo no Maracanã ( isso mesmo! ) contra um time transgênico do Flamengo ( incluindo aí, até uma versão transistorizada do Romário, chamada de Carlos Santana ) com Oliver lutando, ops, JOGANDO com a camisa do São Paulo; começa a fase que não tem conclusão com Oliver & cia jogando pela seleção japonesa rumo a copa de 94 nos EUA…

Pelada no Brasil

Podemos dizer que Captain Tsubasa é um dos animes mais azarados a passar no Brasil na década de 90. Pra começar a Suntoy (e não Samtoy como a Gota Trágica traduziu nos créditos de abertura do anime) se espelhou no sucesso que a série estava fazendo em países como México e Itália, acreditando que no País do Futebol ( um dos poucos orgulhos que podemos ter como brasileiros ) a série fosse virar um novo fenômeno como Cavaleiros ( uahahaha ). Ela adquiriu a série J sem reparar que o anime não tinha fim ( nada pior que isso, não acham ) e como estávamos na época da Copa da França de 98, todos os diálogos foram adaptados pra dar impressão que o anime tivesse rolando em função desse campeonato ( não o de 4 anos antes 😛 ).

Pra piorar, a dubladora Gota Mágica não estava muito bem ( $ ) e a dublagem foi completamente desleixada, com personagens mexendo a boca sem voz e um dublador sendo escalado pra fazer 2 ou 3 personagens muitas vezes na mesma cena! Pior que isso, só o narrador da partida gritando torcida brasileira numa partida de futebol japa! Por sorte algumas vozes se encaixaram muito bem com alguns personagens ( Márcio James Araújo como Oliver e Rodrigo Yukito Andreato como Carlos ) não fazendo do anime uma tortura de se ouvir como é Beyblade.

Matando de vez qualquer possibilidade de sucesso, a Manchete estava dando seus últimos suspiros antes de virar Rede Tv!, e trocava quase toda semana a hora do anime e o usava como tapa-cratera da programação dela. Produtos Um Cd… Tremendamente medonho com as músicas mais idiotas da via-láctea que poderiam ter feito prum anime no Brasil. Isso sem contar que todo mundo falava mal do anime.

Se bem que é realmente difícil não rir ou soltar um comentário ( ou palavrão, mesmo ^^ ) de certas situações como: O eclipse que a bola fazia nas bicicletas do Oliver, o campo parecer uma ladeira sem fim pros jogadores chegarem até a boca do gol, o inexpressivo juiz que sempre era o mesmo 😛 – que dava vontade de meter a porrada, o tempo irreal de jogo onde dava pra se fazer um filho e ver ele nascer até o fim de uma partida, uns personagens esquisitos como o menino que sofria do coração ou uns micos de circo com uns dentões de fazer a inveja à Mônica, ou ainda uns times de países tão insignificantes como um tal de Uzbequistão ( annn existe esse país )… Nossa, então porquê você diz que gosta do anime Larky

Por: Larc Yasha do site: portalsonic.com

Texto originalmente escrito por Ricardo Santos de Almeida, em 11/04/2005