Visão Geral de Mandacaru
Mandacaru estreou no dia 18 de agosto de 1997, às 21h45, permanecendo no ar até 10 de agosto de 1998, ou seja, praticamente um ano!
A história era baseada na vida do sertão nordestino e nas aventuras dos últimos cangaceiros da região, a partir da morte de Lampião. Com boa parte do elenco recém saído da novela anterior, Xica da Silva, Mandacaru não manteve os índices de sua antecessora, fechando com 7 ou 8 de média, e picos de 10 pontos percentuais.
Pelo cronograma original, a trama terminaria em abril. No entanto, com a Copa do Mundo se aproximando, a direção da Manchete decidiu lançar a próxima novela só depois do evento esportivo. O objetivo era que Brida não competisse por atenção com a o evento mais amado pelos telespectadores. Em agosto, portanto, a novela Brida poderia receber toda atenção da mídia, da emissora e do público.

A novela não pegou. Na trama central, a mocinha de Carla Regina vivia um triângulo amoroso entre o personagem de Murilo Rosa(repetindo o casal “Romeu e Julieta” de Xica da Silva), e o cangaceiro interpretado por Victor Wagner, líder do maior bando daquele momento. Mas o público não se convenceu, e nem se comoveu com os dramas vividos pelos personagens.
Além disso, as imagens eram feias, com cenários interiores duros, de poucos adereços, sem objetos decorativos e rústicos ao extremo. A novela tinha uma atmosfera árida, figurinos surrados, sujos, e cidade cenográfica sem charme, sem tinta, envelhecida e bastante empoeirada. Um retrato que até pode ser realista em relação a uma cidade do sertão nordestino dos anos 30, mas que se torna desagradável aos olhos do telespectador. Contrastava com a visão luxuosa do ambiente no qual estava inserida a história da Xica da Silva, das Minas Gerais colonial.
Além do triângulo amoroso sem química e sem torcida, e da imagem feiosa, também faltava humor. Este, que costuma ser um recurso recorrente em histórias que se passam em lugarres pobres do nordeste, ficava a cargo de um Frade Franciscano vivido por Guilherme Piva, outra repetição em relação à novela anterior (onde Piva também era encarregado de boa parte das cenas engraçadas). Na nova novela, no entanto, nem o ator e nem o personagem pareciam à vontade.
Chamada de Estreia - Mandacaru - 1997
Bemvindo Sequeira rouba a cena e salva Mandacaru
Bemvindo Sequeira interpretava Zebedeu, líder de um grupo de Cangaceiros inimigos de Tirana (Victor Wagner), que, ao contrário do que supunha a carreira pregressa do ator, Zebedeu não tinha nada de cômico. Pelo contrário: era inescrupuloso, perseguia Tirana por inveja, e se divertia fazendo atrocidades desnecessárias. Vendo as tentativas de Walter Avancini melhorar a novela, o ator sugeriu algumas mudanças. Avancini respondeu que entregava-lhe a novela caso nenhum personagem cativasse o espectador no fim do terceiro mês.
Foi o que aconteceu. Bemvindo Sequeira mudou a postura de seu personagem, se tornando um vilão debochado, delirante e infantilizado. Deu certo: se tornou o protagonista da trama. jogando os três protagonistas para a condição de meros coadjuvantes. E fez desaparecer personagens de destaque na trama original, como os pais de Juliana, vividos por Jonas Mello e Ângela Leal. A novela se tornou uma comédia e foi esticada.
Zebedeu mandou pintar todas as casas da cidade. Transformou sua casa em uma verdadeira “Corte”, influenciando na forma de se vestirem e no que usavam como acessórios.
Para manter a audiência pelos onze meses em que permaneceu no ar, o diretor Walter Avancinni lançou mão de alguns recursos. Entre eles, as participações especiais de Roberta Close, Marília Pêra, Agildo Ribeiro, Elba Ramalho, Alexia Deschamps e Antônio Grassi.
A novela foi reprisada em 2007 pela Band, às 22h, com médias de cinco pontos de audiência.








Sinopse de Mandacaru
A história de Mandacaru, inspirada no cangaço – marca de um dos períodos mais sangrentos e emocionantes da história do Brasil -, se passa na fictícia cidade de Jatobá no violento sertão de 1938, ano em que Lampião foi assassinado. A trama apresenta o universo nordestino sob a ótica dos cangaceiros e faz um resgate histórico da região quando a repressão do Estado Novo de Getúlio Vargas anunciava o fim do cangaço.
A escolha do nome – Mandacaru, planta que resiste às mais duras secas – já dá uma idéia da trama. O fogo cruzado entre os rebeldes e os volantes – como eram chamados os grupos policiais que perseguiam os cangaceiros – , ocorrerá paralelamente ao triângulo amoroso entre o perigoso Tirana(Victor Wagner), que luta para manter vivo o sonho do cangaço, Juliana (Carla Regina), a filha de Honorato (Jonas Mello) importante coronel da região de Jatobá, e Aquiles (Murilo Rosa), um tenente disposto a tudo para acabar com o banditismo no interior do Nordeste. A mocinha será arrancada do altar pelo bandido durante seu casamento com Dr. Edgar (Jandir Ferrari), o médico da cidade pelo qual ela nada sente. Seqüestrada, Juliana acaba se apaixonando pelo vilão.
Em Mandacaru, a figura rude do cangaceiro dá espaço também ao seu lado humano. Em meio a esse triângulo amoroso, Zebedeu (Bemvindo Sequeira), ambicioso em tomar o poder, reúne o seu bando e ataca a cidade de Jatobá. O cangaceiro assume o poder da cidade e, acreditando ser um enviado de Dom Sebastião, graça concedida pela personagem de Elba Ramalho, instaura um poder monárquico na cidade se intitulando Imperador de Jatobá. A partir desse momento, em meio às maldades que manda seus capangas praticarem, se torna o protagonista de cenas engraçadas, e o centro das atenções da novela.
A trama mostra um universo diversificado: a questão da terra, a repressão policial, os coronéis que não queriam mudanças, o sertanejo sofrendo com a miséria e o banditismo tentando sobreviver. Além disso, Mandacaru é pontuada por superstições, sexo e misticismo. A novela também não desperdiça a oportunidade de explorar as crendices do folclore nordestino e fanatismo religioso, tão comum no Nordeste, que está representado em Mandacaru por dois personagens antagônicos: Frei Dodô (Guilherme Piva) é generoso e perambula pelo sertão atendendo às populações mais carentes; já o padre Waldeck ( Carlos Alberto) toma partido dos poderosos e ignora os humildes, preocupado unicamente com seu conforto pessoal.
Os coiteiros – informantes dos cangaceiros – estão incluídos na trama e são representados principalmente por Lustosa (Tião DAvilla) e Dinda (Teresa Sequerra). Aliás, Dinda também se encaixa na parte cômica da novela porque bate no marido, o bêbado Terto, vivido por José Dumont. Ao contrário do que se possa imaginar, o humor tem destaque na história e há um aspecto lúdico nos personagens.
Mesmo não sendo baseada em personagens reais, uma profunda pesquisa antropológica, social e cultural abrange a trama. E Mandacaru se torna reveladora ao mostrar a história de um Nordeste que muitos jamais conheceram.
Texto originalmente escrito por Enio Marcio do Valle Leite, em 20/10/2005
































Elenco de Mandacaru
Chamada de Elenco de Mandacaru - 1997
- VICTOR WAGNER – Tirana
- CARLA REGINA – Juliana
- MURILO ROSA – Tenente Aquiles
- BENVINDO SIQUEIRA – Zebedeu
- JONAS MELLO – Coronel Honorato Guedes
- CARLOS ALBERTO – Padre Waldeck
- ALTAIR LIMA – Desidério
- MIRIAM PIRES – Vó Isabel
- JOSÉ DUMONT – Terto
- JAYME PERIARD – Zagaia
- JOANA LIMAVERDE – Neném
- ÂNGELA LEAL – Olívia
- OSWALDO LOUREIRO – Maldonado
- TERESA SEQUERRA – Dinda
- ALBY RAMOS – Agenor
- ANSELMO VASCONCELLOS – Coronel Fenelon
- ALESSANDRA MAIA – Maria
- ALEXANDRA MARZO – Madalena
- ALEXANDRE ZACCHIA
- ALEXIA DESCHAMPS – Arlete
- AMAZYLES DE ALMEIDA – Açucena
- ANA PRADO – Divina
- ANDRÉ MATTOS – Hosana
- ANDRÉA AVANCINI – Zuzu
- ANDRÉA GUERRA
- ANDRÉA RICHA – Serena
- ANTÔNIO GONZALEZ – Zé Caro
- CAMILO BEVILÁCQUA – Faísca
- CARLA MARTINS – Venância
- CARLOS MACHADO – Capitão Luís Cavalcanti
- CARLOS THIRÉ – André
- CASSIANO CARNEIRO – Lustozinha
- CÁTIA FREITAS – Pé de Pato
- CLAUDIONEY PENIDO – Sargento Casimiro
- CRISTIANA ESTEVES – Carlota
- CLAUDIA PETRINA – Mena
- DÉO GARCEZ – Godê
- ED XIMENES – Passarim
- EDMUNDO FÉLIX – Miudinho
- ELIANA GUTTMAN – Nevinha
- ESPERANÇA MOTTA – Leopoldina
- EUGÊNIO BRETAS – Teobaldo
- EVANDRO LEANDRO – Jiló
- FABIANA RAMOS – Djanira
- FELIPE WAGNER – Bispo Celestino Gonzaga
- GILSON MOURA – Sereno
- GISELE FRAGA – Mila
- GUILHERME PIVA – Frei Dodô
- HENRI PAGNOCELLI – Dr. Baraúna
- IVAN SETTA – Maritaca
- JANDIR FERRARI – Dr. Edgar
- JEFFERSON BRITO – Biju
- JÚLIO BRAGA – Marco Mantovani
- JÚLIO LEVY – Serafim
- LAFAYETTE GALVÃO – Coronel
- LUÍS MAGNELLI – Oficial de Justiça
- LUIZ ARMANDO QUEIRÓZ – Tenente
- MAJÔ DE CASTRO – Déia
- MARCÉLIA CARTAXO – Amália
- MÁRCIA SANTOS – Raimunda
- MARCOS PASQUIM – Eduardo Alencar
- MATHEUS PETINATTI – Fala Baixo
- MELISSA MEL – Gracinha
- MOARA SENEGHINNI – Jerusa
- MURILO ELBAS – Marinheiro
- NANI VENÂNCIO – Bem-Me-Quer
- NILL MARCONDES – Meia-Noite
- NINA DE PÁDUA – Maria Batalhão
- PAULA MELISSA – Geralda
- PAULO HESSE – Ferreirinha
- RAYMUNDO DE SOUZA – Felipe Câncio
- RICARDO TEILA – Luiz Paixão
- ROBERTO LOPES – Chico Pentecoste
- ROGÉRIO FABIANO – Jurandir de Jesus
- ROGÉRIO WAGNER – Tonhão
- RONEY VILELLA – Baioneta
- SANDRA PÊRA – Baiana
- SEBASTIÃO LEMOS – Antenor Alencar
- TÂNIA BÔSCOLI – Manuela
- TERESA SEQUERRA – Dinda
- THELMA RESTON – Filó
- TIÃO D’ÁVILA – Lustosa
- VALDIR FERNANDES – Capitão Fontes
- VIVIANE VICTORETTE – Rosário
- WÁLTER SANTOS – Avelós
Participações Especiais:
- ALCEU VALENÇA – Lampião
- DANIELA MERCURY – Maria Bonita
- MARÍLIA PERA – Isadora
- AGILDO RIBEIRO – Salustiano
- ROBERTA CLOSE – Maitê Flores
- TÂNIA ALVES – Severina Dantas
- ELBA RAMALHO – Beata
- ALEXIA DESCHAMPS – Arlete
- ANTÔNIO GRASSI – Glauco Corrêa
Elenco de Apoio:
- AMANDA PINHEIRO
- ANDERSON DE AGUIAR
- ANDRÉIA RIBEIRO
- ATHAYDE ARCOVERDE
- CARLOS ESTUPIÃ
- CRISTINA FERRO
- CRYSTIANE PIRES
- ED OLIVEIRA
- ERONILDO CLARINDO
- FÁBIO MENESCAL
- GILVANILDO LIMA
- HIRAN COSTA JR.
- IZLENE CRISTINA
- JOÃO JUNIOR
- JOSÉ DE ALENCAR
- JOSÉ ROBERTO LOPES
- KAKAU BALBINO
- KIKA MAGNONI
- KIKO NUNNES
- LUIZ LOBO
- LULLA MORENO
- MAURÍCIO GANGUÇU
- NILL NEVES
- PATRÍCIA CARVALHO
- PAULO PORTES
- RENATO OLIVEIRA
- RICARDO MARCOS
- SOPHIA BISSILIAT
- VERA FERREIRA
- WANDERSON LEGEY
Texto originalmente escrito por Miguel Rivera, em 21/01/2006