Por: Cleide Cavalcante
Agência Estado
Benvindo Sequeira é mais uma prova do destaque que os vilões acabam conquistando nas novelas. Para quem até há algum tempo trabalhava num programa humorístico (“Escolinha do Professor Raymundo”), até que a atuação do ator como o Zebedeu, em “Mandacaru”, foi uma boa surpresa.Bastou entrar na fase em que Zebedeu passa a ganhar mais poder para que o ator passasse a usar com sucesso a fórmula baseada na maldade e no humor.
Nesta entrevista a Agência Estado, ele fala de seu personagem – “um garotão” -, da repercussão entre os telespectadores, e até cita alguns Zebedeus da vida real.
Entrevista com Bemvindo Sequeira
É a primeira vez que você faz um vilão? E como está sendo a experiência?
Bemvindo Sequeira – É. Olha, é muito divertido e fascinante. O Zebedeu é muito simpático, as criancas gostam, o público pede mais, as velhinhas dizem que ele é mau, mas que mesmo assim adoram. É um vilão malandro, meio infantil. Eu empresto minha leveza a este vilão, que não é um vilão pesado, que todo mundo tenha raiva.
E nas ruas, o que falam?
Sequeira – As pessoas me encontram e dizem: “Olha, o Zebedeu não pode morrer”. Todos torcem por ele. O Zebedeu representa o novo.
Este é o tipo de vilão que dá mais certo?
Sequeira – Eu acho que um vilão tem de ser popular, leve e engraçado. Jamais desagradável.
Como você o define?
Sequeira – Ele não é nem louco, nem malvado. É um primata, age impulsivamente, pelo inconsciente. Por outro lado, ele é puro, e não tem pudores, é só desejo. Ele é como o homem das cavernas, anterior à psicopatia, à loucura. Se soltar o Zebedeu no centro da cidade, ele vai preso, vai começar a atirar e por aí… Ele faz o mundo que deseja, é o espelho do inconsciente da humanidade, é neste ponto que ele se torna criança.
E você acha que fazer um vilão caricato é mais fácil?
Sequeira — Não. O vilão clichê, aquele mal-humorado, é mais fácil. Este vilão que interpreto sorri com os olhos brilhando, e diz “vou te matar”, e mata. É um personagem que passa pelo antigesto, pelo contra-ato. Fazer o vilão mau, de cara fechada, falando baixo e pausado, acredito ser mais fácil do que pegar todo o texto e transformá-lo em leveza. Dizer “eu te amo” enquanto odeia, permanentemente, em todas as gravações, é difícil.
O Zebedeu corta orelhas sorrindo, acredita que é maravilhoso, mata todo mundo rindo, ri e faz. Ele faz tudo isso com alegria de viver. O mau e o bem é igual para ele, que acredita que a dor faz parte da alegria de viver. Para o Zebedeu, tudo é melhor do que estar morto.
Você se inspirou em alguém para compor o personagem?
Sequeira – Não especificamente. Tentei buscar algo no ACM, o lado engraçado, o desleixo, a “malvadeza”, mas não deu para pegar nada. Não estou dizendo que ele é um Zebedeu, ele é brilhante, ele é o Brasil… Por outro lado, tem o Maluf… Enfim, olhei algumas pessoas, e só estou citando estes dois para brincar um pouco com a política.
E como você vê o Zebedeu?
Sequeira – Acho que ele nasceu num grotão, como Macunaíma, em contato com a natureza. Portanto, a loucura dele não é nem fruto da sociedade. Existem duas abordagens diferentes, a do público e a minha, como ator. Assim, não posso dizer que ele está fazendo maldade, digo que ele está se divertindo, pois não tem limites.
Você poderia citar algum Zebedeu da vida real?
Sequeira – Olha, nunca parei para pensar nisso… Existem alguns carniceiros… Bom, o Saddam Hussein é o Zebedeu do Oriente, para nós ocidentais. Em contrapartida, até acho que o Sadann está sendo crucificado pelo Ocidente por não entenderem a cultura do Oriente. Por outro lado, ele diz que o demônio é o Bill Clinton. Na verdade, os dois têm muito de Zebedeu…
Por: Cleide Cavalcante
Agência Estado