“Quando saí da Globo, montei uma produtora, mas não deu certo porque o plano econômico da época acabou com o nosso dinheiro. A Manchete me convidou para ser diretor de programação em 19 de maio de 1989, e voltei para o Rio de Janeiro. No mesmo dia, convidei o Jayme Monjardim. Eu o conhecia desde criança, cuidei dele quando a mãe, Maysa, começou. A primeira apresentação dela, e isso não apareceu no especial da Globo, foi na rádio Record, na rua Quintino Bocaiúva.
Jayme falou: ‘Estou saindo da Globo porque vou fazer comerciais. O Boni me liberou e eu não quero fechar as portas. Se você falar com ele e não houver problema, posso ir’. Boni falou: ‘Não tem problema, pode levar o menino’. E o Jayme deslanchou o projeto com o Benedito Ruy Barbosa, que estava havia cinco anos na gaveta da Globo, tanto que o Benedito topou ir para a Manchete se fizesse Pantanal exatamente como estava na cabeça dele. O Jayme deu uma nova leitura para a dramaturgia. Foi um acontecimento. Começamos a ter audiência, a competir com a Globo, estávamos empatando.
Vou contar um negócio impressionante, meio moleque que fizemos na época. Nós entrávamos na frequência da Globo no Sumaré e ficávamos ouvindo a programação conversando quando a novela iria acabar. Nosso casal 20 do telejornal, Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, ficavam com duas, três notícias frias em cima da mesa. Quando terminava a novela da Globo, o Eliakim dava o boa noite e começávamos Pantanal, era impressionante. Depois de uns dois meses, a Globo descobriu que nós estávamos entrando na frequência deles. Fazia parte. É um lado que não deixa de ser romântico.
Também fizemos Ana Raio e Zé Trovão, mas a Manchete se descontrolou. Nós perdemos a Manchete que, até hoje para mim, foi uma grande emissora.
Pantanal na Globo vai ser um grande acontecimento. Eu vi no Fantástico a reportagem apresentando o novo projeto. Acho que a Globo vai dar uma vida totalmente diferente da Manchete, que tinha a leitura do Jayme. Não sei se a Juma vai ter o mesmo encantamento, o elenco de Pantanal também era uma coisa inacreditável.”