Roberto D’Ávila foi um dos principais nomes do jornalismo da TV Manchete, onde apresentou cinco programas durante suas duas passagens pelo canal: Conexão Internacional, Diálogo, Persona, Roberto D’Ávila Entrevista na primeira, de 1983 a 1987; e Conexão Roberto D’Ávila entre 1996 e 1997. Nos oito anos de intervalo, foi vice-prefeito do Rio e secretário estadual do governo Marcelo Alencar.
D’Ávila chegou na emissora em 1983, ano da inauguração do canal, vindo da TV Bandeirantes onde apresentava o Canal Livre, que havia lançado dois anos antes. Junto com Fernando Barbosa Lima, fundou a Intervídeo e começou a produzir seus programas para a Rede Manchete, deixando a emissora paulista.
Conexão Internacional
O primeiro programa foi o Conexão Internacional, mensal, no qual Roberto D’Ávila entrevistava uma grande personalidade do cenário mundial, como Stevie Wonder, a primeira dama americana Nancy Regan, o astro do cinema Marcelo Mastroianni e Federico Fellini, por exemplo. O programa era exibido às quintas, uma vez por mês, por volta das 21h30 / 22h30.
Diálogo
Ainda em 1983, o jornalista lançou o semanal Diálogo nas noites de domingo, onde liderava um time de debatedores, que dialogavam com alguma personalidade nacional.
Persona
Em 1984, o Diálogo ganhou mais quadros e D’Ávila passou a dividir a apresentação com Maitê Proença. O programa começou a se definir como ‘uma revista em movimento‘. Foi o embrião do Programa de Domingo, aumentando de tempo, até que finalmente foi separado em duas atrações.
Em novembro do mesmo ano, às 20h começou o novo Programa de Domingo. Em seguida, às 22h30, era a vez de Roberto D’Ávila entrevistar personalidades brasileiras no também novo “Persona“.
Fidel Castro
Ainda acumulando com exibições não semanais, mas frequentes, do Conexão Internacional, que nesta época estava nas noites de terça-feira, foi o primeiro jornalista brasileiro a entrevistar Fidel Castro depois da abertura política do Brasil, em dezembro de 1985.
Roberto D’Ávila passou dias em Havana, acompanhou o comandante da Revolução Cubana pelas ruas da capital. Viajaram até Sierra Maestra, percorrendo todo o interior da Ilha, e gravou a entrevista no palácio do governo. Rendeu também um documentário, produzido e comercializado pela Intervídeo, sua produtora. A edição do Conexão Internacional, programa exibido pela Manchete, também foi vendido em VHS pela Manchete Vídeo.
E veiculação da entrevista seria algo impensável antes dessa época, devido à censura da ditadura brasileira, que nao permitiria um espaço na TV para um líder comunista. Mas pensava-se que algum jornalista da Globo conseguiria agenda para fazer a primeira entrevista com o ditador cubano. Mas D’Ávila era integrante do PDT, foi eleito deputado federal constituinte, e naturalmente se valeu da influencia de Leonel Brizola para conseguir o furo.
Deputado Constituinte
Em 1986, Roberto D’Ávila é eleito deputado federal constituinte pelo PDT, sendo um dos responsáveis, portanto, por escrever a nova Constituição, lançada em 1988 pelo Congresso Nacional. O jornalista não abandonou seu trabalho na televisão, dando conta das duas funções durante o período.
Roberto D’Ávila Entrevista
Em 1987, no entanto, Conexão Internacional e Diálogo foram fundidos num só programa, semanal, intitulado “Roberto D’Ávila Entrevista”. Englobava convidados nacionais ou internacionais, nas noites de domingo (antigo horário do Persona). Depois foi transferido para as noites de quinta-feira. Neste ano, O então deputado federal constituinte E finalmente deixou de ir ao ar depois da eleição para vice-prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 1988 a 1992.
No cartel dos entrevistados pelo repórter, mais de 70 personalidades internacionais e 500 nacionais. De Fidel Castro – a entrevista mais marcante – ao diretor John Huston, os atores Vittorio Gassman e Marcelo Mastroianni, passando pelo Senador Darcy Ribeiro, o arquiteto Oscar Niemeyer, o escritor Gabriel García Márquez, a atriz Liv Ullman, a cantora Tina Turner e o ex-primeiro-ministro israelense Shimon Perez – um visionário que vislumbrou o processo de paz no Oriente Médio e sempre soube negociar com arte.
Conexão Roberto D’Avila
Em 1996, após deixar de ser secretário estadual de meio-ambiente do Estado do Rio de Janeiro, anunciou o retorno à televisão, e novamente, pela Rede Manchete. Estreou em novembro o Conexão Roberto D’Ávila, nas noites de domingo, às 22h (a mesma faixa-horária que ocupou por mais tempo na década de 80). A produção também era da Intervideo.
A re-estreia trouxe uma entrevista com o então presidente da Argentina Carlos Menem. Em edições posteriores, Roberto D’Ávila trouxe nomes como Leonardo Boff e Roberto Campos, por exemplo, duas personalidades brasileiras ligadas à ideologias políticas e sociais opostas.
Em agosto de 1997, no entanto, o jornalista não concordou com uma das cláusulas da renovação de contrato com a Manchete e aceitou convite para levar seu programa para a Record. Exatamente com o mesmo nome, acabou também não permanecendo muito tempo no canal da Igreja Universal, e foi para a TV Educativa / TV Cultura, em 1998, permanecendo até 2012, quando assinou com a Globo News.