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Expedições de Paula Saldanha começaram pela Rede Manchete

Expedições era um programa mensal de documentários produzido pela jornalista Paula Saldanha e seu marido, o biólogo Roberto Werneck, que a Rede Manchete levou ao ar entre 1995 e 1997.

O programa mostrava as descobertas do casal em viagens pelo Brasil, muitas vezes parecendo um programa ecológico, mas também falando das questões dos povos indígenas e quilombolas. A ideia era mostrar a raiz brasileira, com sua miscigenação e a relação do povo com seu espaço geográfico.

Paula Saldanha e Roberto Werneck no Alto Xingu- 1997
Paula Saldanha e Roberto Werneck no Alto Xingu- 1997

O Expedições estreou em 24 de setembro de 1995 e, a partir de então, era exibido no último domingo de cada mês, sempre às 21h. Nestas datas, o Programa de Domingo terminava mais cedo, cedendo uma hora para o programa do casal.

A partir de abril de 1996, a atração passou a ocupar o horário do Câmera Manchete na última terça-feira do mês, dando folga mensal para o jornalístico apresentado por Ronaldo Rosas. Em setembro do mesmo ano, o Expedições acompanhou o “Câmera” em sua mudança para as quartas-feiras, trocando de posição com o Marcia Peltier Pesquisa, que passou das quartas para as terças.

Na audiência, fazia bonito. Tinha médias de 8 e picos de 10 quando sucedia a novela Xica da Silva.

Além da natureza

O programa não abordava os temas apenas pela ótica ecológica, e um exemplo disso foi o programa levado ao ar em 30 de abril de 1996. Na ocasião, o casal visitou as populações negras do Nordeste, mostrando, desde o conhecido grupo Olodum – que naquele mês comemorava 17 anos de vida – até os habitantes do antigo Quilombo do Frechal, no Maranhão. O quilombo maranhense até os dias de hoje mantem tradições africanas trazidas pelos seus fundadores.

Nosso objetivo é redescobrir o país para os seus habitantes, criar um processo de reflexão sobre as condições de vida das populações e sua relação com o desenvolvimento.

Paula Saldanha, sobre o Expedições, em 1996

A equipe gravou com o Olodum no Pelourinho, em Salvador, principal fonte de inspiração dos grupos afrobrasileiros. No Maranhão, Expedições buscou as populações negras que vivem por lá, ouviu histórias da luta contra a invasão de suas terras e registrou danças típicas, como o Congo e o Tambor de Crioula. No Frechal, os descendentes de escravos falaram sobre a cultura trazida da África e como ela sobrevive até os dias de hoje.

O programa também mostrou os projetos sociais coordenados pelo Olodum, um grupo musical que já é conhecido em todo o mundo e tem uma forte influência sobre os jovens que vivem no Nordeste. No final do programa, os artistas deram uma canja e sacodiram o Pelourinho, numa apresentação especial para Expedições.

Paula Saldanha definia o programa como um encontro do Brasil com os brasileiros. “Nosso objetivo é redescobrir o país para os seus habitantes, criar um processo de reflexão sobre as condições de vida das populações e sua relação com o desenvolvimento.”