74.5 Uma Onda no Ar

Sobre a novela

O casal Letícia Sabatella e Angelo Antonio, que em 1991 conquistaram o Brasil como a Tais e o Beija-Flor da novela O Dono do Mundo, da Globo, foram os protagonistas da novela 74.5 – Uma Onda no Ar, a primeira produzida de forma independente pela TV Plus para a Rede Manchete.

Com argumento de Domingos de Oliveira (de Confissões de Adolescente), “Uma onda no ar” mirava no público jovem. A trama se passava numa cidade litorânea (foi gravada em Búzios).

A obra teve 127 capítulos. Foi escrita por Chico de Assis, Eloy Araújo, Rose Calza, Marilú Saldanha e Cláudio Paiva. Teve direção de Cecil Thiré, José Carlos Pieri e Lucas Bueno, com direção-geral de Cecil Thiré. Com muitos atores conhecidos, como Antonio Caloni, Gracindo Jr, Raul Gazolla, Regina Restelli, Cecil Thiré, Karina Barum, tinha cara de novela global.

Mudanças de horário

Produzida pela TV Plus, foi apresentada pela Rede Manchete de de 11 de abril a 22 de outubro de 1994. Estreou às 19h45, logo depois foi deslocada para as 21h30, e depois foi novamente modificada, passando para 19h30.

Antes da estreia, a Manchete e a TV Plus divergiam sobre o melhor horário para exibi-la. A emissora queria às 21h30, no seu tradicional horário de novelas premium. Embora “O Marajá” tenha sido liberada pela justiça, Adolpho Bloch preferiu não exibi-la, deixando o horário principal livre para a produção independente.

Já a TV Plus queria seguir com o plano original e mantê-la às 19h45, já que a audiência jovem nesta faixa é maior. A produtora ganhou essa disputa.

Do dia 24 de junho até o dia 18 de julho de 1994, a Manchete parou de apresentar os capítulos inéditos da novela e passou a levar ao ar os capítulos já exibidos em forma compacta. Isso aconteceu porque a Manchete não pôde exibir os jogos da Copa do Mundo naquele ano e não queria prejudicar a novela (os horários dos jogos coincidiam com os da novela).

Além disso, passou a exibi-la as 21h30. Portanto, a estratégia de reexibir os capítulos anteriores deixava clara a estratégia da emissora: trocar a novela de horário definitivamente.

Com o fiasco do fiasco, a novela foi modificada radicalmente logo após a Copa do Mundo, e voltou para a faixa das 19h30.

Curiosidades

Marcia Cintra sonhava com Daniel Filho na direção geral. Mas Daniel estava desenvolvendo sua própria produtora audiovisual, que emplacaria Confissões de Adolescente na Band.

A trama foi criticada na época pelo título: a frequência não existia em rádio comercial (vai de 87.8 a 107.9).

Paulo Autran deixou a novela pouco antes da estreia. Dele seria o papel de Álvaro, o dono da rádio e avô da protagonista. Cecil Thiré ficou com seu personagem, o que também gerou críticas, já que o ator seria avô de Letícia Sabatella na trama.

Modelo de parceria blindava cofres da Manchete

A Manchete, na época das negociações, em novembro de 1994, estava correndo para produzir Guerra sem Fim e editando os últimos capítulos da censurada O Marajá. O desejo da emissora era economizar para investir mais no jornalismo.

Marcia Cintra, diretora geral da TV Plus, propôs um modelo com risco zero para a Manchete: a produtora bancaria toda a produção. A receita publicitária, por sua vez, seria dividida entre a Manchete e a TV Plus. A comercialização internacional seria toda da produtora, A Manchete teria também a última palavra supervisionando a obra.

O ator Paulo Autran desistiu de fazer a novela na última hora. Autran iria viver Álvaro, e foi substituído pelo diretor Cecil Thiré (o orçamento era pequeno, e não era possível contratar outro ator). Cecil foi avô da personagem de Letícia Sabatella, apesar de em 1994 o ator ter 50 anos enquanto Letícia ter 22.

Mudança radical na trama

Novos personagens, mais romance, mudança de horário e história principal inspirada em peça de Ibsen a partir do capítulo 54. Em vez de encurtar “74.5- Uma onda no ar” a produtora independente TV Plus preferiu dar uma virada radical na trama. O primeiro capítulo inédito desta nova fase foi ao ar no início de julho, às 19h30, na Manchete.

Na avaliação do autor Chico de Assis, chamado para assumir o comando da novela, tratava-se de um produto novo. Portanto, com caras novas. Guilherme Leme, como o médico Quim, formava um triângulo amoroso com Luiza (Letícia Sabatella) e Miguel (Angelo Antônio). Este também mudou. Fez uma viagem e voltou mais profissional e com nova aparência, de cabelos compridos. Entraram ainda Antônio Calloni, Benvindo Sequeira e André Valli, que investigariam a morte de Álvaro (Cecil Thiré).

Sobre a TV Plus

A TV Plus foi criada no início da década de 90 por Roberto Talma, então diretor de novelas da Globo. O primeiro projeto da produtura foi a minissérie O Sorriso do Lagarto, exibida na Globo e dirigida pelo próprio Talma. Mas o diretor deixou a produtora após finalizar a minissérie e permaneceu na Globo. A TV Plus seguiu com Marcia Cintra à frente, e tentava emplacar agora uma novela em alguma emissora.

A primeira novela veiculada no Brasil fruto de uma produção independente nacional foi Cortina de Vidro, em 1991. Feita por uma produtora que pertencia ao irmão de Boni, foi um fiasco. A TV Plus, portanto, faria a segunda experiência neste esquema no país.

A relação com a Manchete azedou porque a novela foi mal em audiência, segundo a diretora da TV Plus, porque a Manchete mudou a novela de horário e quebrou a sequencia de quem a assistia durante a Copa do Mundo ao reprisar a novela de forma compacta.

Depois de 74.5, a TV Plus desenvolveu A Idade da Loba, em 1995, exibida pela Band. A novela fez barulho porque tinha Betty Faria e Angela Vieira nos papéis principais, e direção-geral de Jayme Monjardim. O ritmo cinematográfico característico do diretor junto à música de Marcus Viana, deram à produção da Band ares de novela dos tempos áureos da Manchete. A audiência foi morna, no entanto.

Sinopse

Em Pedra da Lua, uma paradisíaca cidade a beira-mar, o velho jornalista Álvaro(Cecil Thiré) mantém a rádio 74.5 Uma Onda no ar, irradiando esperança, humor e alto astral. O ponto de partida é a chegada de Luiza(Letícia Sabatella), a neta do radialista, que volta após sofrer uma forte decepção no casamento com Caíque(Raul Gazolla). Recomeçando uma nova vida, a jovem se apaixona por Miguel(Ângelo Antônio), um ex-namorado que mora num barco e vive a levar turistas para passear.

Miguel é filho de um pescador, desde menino é apaixonado pelo mar. Na infância ele e Luiza namoraram. Ambos acreditam que, em vidas passadas, ele teria sido um boto, e ela uma sereia. Por motivos socioeconômicos, ambos, tiveram que optar por vidas diferentes. Ele conseguiu uma bolsa de estudos e foi estudar biologia marinha nos Estados Unidos; Luiza acabou casando-se com o ambicioso e manipulador Caíque (Raul Gazolla).

Infeliz com o casamento e com a vida na cidade grande, ela volta à paradisíaca Pedra da Lua, para procurar o avô Álvaro, e acaba reencontrando seu antigo amor.

GIOVANA: HERDEIRA LIBERTINA

A grande aliada de Luiza no combate aos planos maquiavélicos de Caíque será Giovana (Regina Restelli), uma mulher que, de dia, & santa como uma freira e, de noite, uma consumada libertina. Além de tudo, era simplesmente a mulher mais rica da cidade, depois que seu milionário marido morre de infarto.

Elenco

Trilha Sonora

Nacional

1. Carente Profissional – Marina Lima
2. Os Barcos – Legião Urbana
3. Falando de Amor – Leoni
4. Grito de Alerta – Gonzaguinha
5. Sabe de Mim – Nana Caymmi
6. Gibi, Ramones e Motorhead – Devotos de Nossa Senhora Aparecida
7. Megamix – Fernanda Abreu
8. Agora Só Falta Você – Rita Lee
9. Vontade – Paulinho Moska
10. Quem é Você – Razão Brasileira
11. É Natural – Negritude Júnior

Internacional

1. Tina Turner – I Don’t Wanna Fight    
2. Enigma – Return To Innocence  
3. The Hollies – He Ain’t Heavy, He’s My Brother  
4. Robert Palmer – Love Me Or Leave Me  
5. Lenny Kravitz – Heaven Help  
6. Blind Melon – No Rain  
7. Dada – Moon    
8. Heart – Rage  
9. Ramones – Substitute  
10. Pato Banton – Go Pato
11. Us3 – Cantaloop