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Prédio que abrigou a Bloch e a TV Manchete (RJ) vai a leilão

Prédio da Bloch vai a leilão hoje (17/09/2008) no Rio
Lance inicial é de R$ 40 milhões; JK foi velado no saguão do edifício

“A vista é eterna”, anuncia a propaganda do pregão que será realizado hoje, às 14 horas, pelo leiloeiro Fernando Moreira Braga. O deslumbrante cenário, composto pela Baía de Guanabara, o Pão de Açúcar e o Parque do Flamengo, não é o único chamariz dos imponentes prédios de números 744, 766 e 804, interligados, da Rua do Russel, na Glória.

Projetado por Oscar Niemeyer, o complexo de 30 mil metros quadrados foi sede da Bloch Editores, a gigante da imprensa brasileira declarada falida oito anos atrás.

O lance inicial é de R$ 40 milhões. O dinheiro arrecadado será usado para o pagamento de parte das volumosas dívidas da empresa – perto de R$ 50 milhões, trabalhistas (segundo os ex-funcionários), e R$ 25 milhões, fiscais, entre outros débitos. O imóvel está alugado para a Universidade Salgado Oliveira (Universo) até 2011. Em 2007, a entidade tentou arrematá-lo em outro leilão, por R$ 28 milhões, mas não conseguiu, porque a oferta foi muito baixa.

“Essa é a chance que a gente tem. Já são oito anos de espera”, diz José Carlos de Jesus, presidente da comissão de ex-funcionários. Eles estão esperançosos, mas temem ser preteridos em favor da União. Em julho, a 3ª Câmara Civil do Rio colocou as dívidas trabalhistas em segundo plano, dando preferência à quitação dos débitos com o Ministério da Fazenda.

Existem 1.987 créditos habilitados para liberação e 727 processos ainda em julgamento. “Se o prédio for arrematado por R$ 40 milhões e R$ 25 milhões forem para a Fazenda, como ficamos? A situação é desesperadora”, conta Jesus.

Os bens da família de Adolpho Bloch que ainda serão leiloados são muito menos valiosos: a gráfica, que fica numa região hoje favelizada; obras de arte (as mais importantes foram vendidas); uma fazenda e os arquivos fotográficos da Bloch (fotos, cromos e negativos dos mais importantes fatos do País e do mundo dos últimos 50 anos irão a leilão no mês que vem; o lance inicial é R$ 2 milhões).

Impactante, o complexo de 12 andares chama a atenção na paisagem da Glória desde 1968. Foi construído especialmente para abrigar a Bloch e suas revistas Manchete, Fatos e Fotos, Desfile e outras. Mais tarde, já nos anos 80, recebeu a TV Manchete.

Toda vez que passa por ali, a caminho da Academia Brasileira de Letras, o ex-diretor do Departamento de Jornalismo da Bloch Arnaldo Niskier sente “um nó na garganta”. “Trabalhei lá por 38 anos. Tenho gratíssimas e tocantes recordações.”

Murilo Melo Filho passou 47 anos no prédio. Não se esquece daqueles dias. “Foram ali os anos da minha realização profissional”, justifica. Ele está entre os que esperam indenização.

Nos anos áureos, o edifício da Rua do Russel recebeu a visita de presidentes, governadores e artistas. Até sua morte, Juscelino Kubitschek chegou a ter um escritório no último andar, montado pelo amigo Adolpho Bloch. O velório do ex-presidente, em 1976, foi realizado no saguão. Notícia do site do Estado de São Paulo, feito pela jornalista Roberta Pennafort (disponível em http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080917/not_imp243027,0.php). Publicado no dia 17/09/2008

Por Diogo Montano

Diogo Montano é Bacharéu em Ciência da Computação, pós graduado em Gestão de Negócios, e trabalha há quase vinte anos unindo duas coisas que sempre gostou: comunicação e tecnologia. Cresceu assistindo à Globo e Manchete, canais de tv que tinham as melhores imagens da região. Em 1999, ainda antes de entrar na faculdade, publicou a primeira versão deste site, logo após a venda da Manchete.