Marcus Viana: a Sinfonia da Manchete

Uma das marcas registradas da trajetória da Manchete foram as trilhas sonoras das suas principais produções dramatúrgicas. Canções especialmente produzidas para compor a narrativa até então inédita na TV brasileira, criadas e executadas pelo mineiro Marcus Viana, são até hoje lembradas como um dos pontos altos das superproduções da emissora. De Kananga do Japão, passando por Pantanal, até Xica da Silva, as principais novelas e minisséries foram embaladas pelas belas músicas criadas especialmente para cada produção.

Marcus Viana é cantor, compositor e domina uma grande variedade de instrumentos musicais, dentre eles o piano, a flauta e o violino. Seu estilo musical contempla o new age, passando pela música clássica, contemporânea e até MPB. Fundou sua própria gravadora, a “Sonhos e Sons”, que veio a se tornar o selo independente com o maior número de artistas brasileiros. Fundou também, na década de 80, o grupo “Sagrado Coração da Terra”, ícone do movimento progressivo nacional e internacional e, na década seguinte, a “Transfônica Orkestra”, grupo de música instrumental que funde elementos sinfônicos às raízes brasileiras e afro.

Imagem de Novelas da Rede Manchete
Marcus Viana, compositor e interprete de uma série de temas e trilhas de novelas da Manchete

No final da década de 80, depois de ter uma de suas canções inseridas na novela Que rei sou eu da TV Globo, Viana foi convidado a gravar um musical especial na TV Manchete, que na época tinha Jayme Monjardim como diretor artístico. Impressionado com o que viu, o diretor convidou Marcus a compor o tango Passional para a novela Kananga do Japão. Este seria o passaporte para compor toda a trilha sonora instrumental da novela seguinte, Pantanal, iniciando assim uma grande parceria com o diretor.

As canções de Pantanal fizeram um enorme sucesso de público e crítica. As sequências de belas paisagens que vinham embaladas pelo som instrumental do compositor, foram reconhecidamente fundamentais para a narrativa diferenciada da obra, e ajudou a consolidar um novo jeito de fazer telenovela no Brasil. Além da trilha instrumental, foram dele também a música-tema “Pantanal”, e ainda “Amor Selvagem”, canção que embalou o romance do casal de protagonistas da novela, Juma e Jove (Cristiana Oliveira e Marcos Winter). A boa repercussão fez com que a Bloch Discos lançasse Pantanal, Suíte Sinfõnica, a primeira trilha sonora exclusivamente instrumental de uma novela.

A partir de então o estilo de Viana seria presença obrigatória nas produções da era Monjardim, dentro e fora da emissora. O músico assinou as trilhas das novelas A História de Ana Raio e Zé Trovão, Amazônia, e das minisséries O Canto das Sereias e Filhos do Sol. Além da trilha instrumental, Viana também cantou as músicas de abertura dessas produções com o grupo Sagrado Coração da Terra.

Em 1994 o músico acompanhou Jayme Monjardim rumo à TV Bandeirantes, onde foi responsável pela trilha de A Idade da Loba, novela que reativou o setor de dramaturgia da emissora e que tinha no elenco Angela Vieira e Betty Faria como protagonistas.

Em 1996, Marcus voltaria à Manchete, dessa vez a convite de Walter Avancini para compor toda a trilha sonora de Xica da Silva. Embora com um estilo diferente daquelas canções que exaltavam a natureza ou o amor das produções anteriores, o compositor novamente surpreendeu, ao imprimir à nova produção elementos do barroco e da cultura afro, inerentes à época na qual a trama era ambientada. Todas as músicas da novela foram composta pelo músico.

De volta à Bandeirantes, o compositor assinaria as trilhas de Serras Azuis e Meu Pé de Laranja Lima, novelas dirigidas por Nilton Travesso.

E, 1998, com o retorno de Jayme Monjardim à TV Globo e às novelas – Marcus Viana teria a chance de colocar sua marca também na maior emissora do Brasil. Foram deles as trilhas sonoras de Chiquinha Gonzaga, Terra Nostra, Aquarela do Brasil, O Clone, A Casa das Sete Mulheres e América. Em O Clone, Marcus teve repercussão semelhante ou maior em relação à Pantanal. Na trama de Glória Perez, compôs as músicas instrumentais e ainda compôs e cantou o tema de amor do casal protagonista A Miragem, além da música de abertura Sob o Sol.

No cinema, o cantor assinaria ainda as trilhas de Olga e Filhas do Vento.

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Por Diogo Montano

Diogo Montano é Bacharéu em Ciência da Computação, pós graduado em Gestão de Negócios, e trabalha há quase vinte anos unindo duas coisas que sempre gostou: comunicação e tecnologia. Cresceu assistindo à Globo e Manchete, canais de tv que tinham as melhores imagens da região. Em 1999, ainda antes de entrar na faculdade, publicou a primeira versão deste site, logo após a venda da Manchete.