Helena foi a segunda novela sob gestão de José Wilker como Diretor Artístico da Manchete, e também a segunda adaptação para a TV da obra literária de Machado de Assis. Mario Prata foi convidado para desenvolver a história, que agregou Dagomir Marquezi e Reynaldo Moraes na autoria.
Visão Geral
A trama tinha a pretensão de bater de frente com o Jornal Nacional e com o telejornal local(SPJá, RJTV, NETV) e Jornal Nacional, que na época antecedia o prion. Começava às 19h40, e terminava às 20h30, entregando para o Jornal da Manchete, ou para a novela das 20h30 da Globo.
Mario Prata prometia uma novela inspirada no livro de Machado de Assis, e não adaptado. Justificava que, com os dez personagens do livro, daria pra fazer no máximo uma minissérie com quatro episódios. Por isso, os autores criaram mais 16 personagens.
As cenas externas foram gravadas em Vassouras, em uma fazenda colonial, e também na cidade de Ouro Preto-MG. As internas, naturalmente, eram feitas dentro do Complexo de Água Grande, que se estruturava constantemente para ter uma boa infra estrutura para produzir não apenas uma, mas duas, ou três novelas simultâneas.
Elogiada pelo primor das suas imagens, da qualidade percebida, naturalmente sofreu por bater de frente com o Jornal Nacional e teve audiência aquém do que poderia. Mas cumpriu seu papel.
Sinopse da novela Helena
No ano de 1859 morre o conselheiro Vale, figura da primeira classe da sociedade do Segundo Reinado, homem bem relacionado e respeitado. Ele deixa um filho, Estácio, de 27 anos, e uma irmã, D. Úrsula, que desde a morte da cunhada cuidara com desvelo da bela chácara em que vivem, no Andaraí.
Nomeados testamenteiros os melhores amigos do conselheiro, o Dr. Camargo, médico igualmente bem relacionado, e o Padre Melchior, grande amigo da família. A abertura do testamento é marcada para o dia seguinte ao enterro e cercada de suspense, criado pela expectativa de Camargo, visivelmente preocupado com um possível “erro”, que poderia o amigo ter deixado para revelar somente após sua morte.
A leitura do testamento revela uma segunda filha do conselheiro Vale, Helena, nascida de uma união até então desconhecida de toda a família. Enquanto Estácio aceita o último pedido do pai – levar Helena para morar na chácara e tratá-la com muito carinho – Úrsula e o Dr. Camargo ficam contrariados. A irmã do conselheiro vê na jovem uma intrusa e usurpadora, enquanto o médico, pai de Eugênia (noiva de Estácio), também se mostra contra a ideia.
No entanto, o testamento é obedecido e Helena sai do colégio para morar na chácara, onde começa a mudar a vida de todos.
Helena e Estácio apaixonam-se, mas o rapaz sente-se culpado, acreditando ser irmão da moça. Helena, contudo, sabe que não é filha de Vale. O conselheiro teve um romance secreto com sua mãe e prometeu perfilhar a menina e tratá-la com carinho. A atitude esquiva de Helena, que se encontra às ocultas com seu pai legítimo, Salvador, faz com que se desconfie que ela tem um amante.
Depoimento do Autor
No livro Minhas Mulheres e Meus Homens (Editora Objetiva), o autor Mário Prata fala sobre a novela:
“Eu estava adaptando Helena, do Machado de Assis, para a Manchete. (…) E tinha a personagem da namorada do Estácio que eu gostava tanto dela que nem lembro mais o nome. A Mayara (Magri) foi escalada para o papel. Levei um papo com ela.
– Olha, eu não sei bem ainda o que fazer com a personagem. Aliás, a culpa é do Machado que me passou a personagem torta (que presunção, meu Deus!). Mas fica tranquila, que com o tempo, a coisa pinta.
Mas não pintava. A personagem ia capengando apesar dos esforços da Mayara, do Luiz Fernando Carvalho e da Denise Saraceni, os diretores. Lá pelo meio da novela, já que ninguém assistia mesmo, eu, o Reynaldo Moraes e o Dagomir, resolvemos brincar. A novela se passava em 1859.
Câmera no rosto da Mayara. Ao fundo, uma interminável discussão entre os pais dela, em off.(…) E ela falando:
– A barra tá pesada, a barra tá pesadíssima!
Depois a câmera abria e mostrava que ela estava se referindo àquela barra de ferro que fazia as barras dos vestidos.
Noutra cena, o Ivan de Albuquerque (padre) e o Zé Fernandes de Lira (coroinha) conversavam sobre a desmiolada Yara Amaral:
Zé – Lá na minha terra, no Recife, eles dizem que a lucidez é uma pira eternamente acesa. E quando a pessoa começa a endoidar, dizem que é porque a pira está apagando.
Ivan – Você acha então que a Dona Dorzinha tá pirando?
Zé – Tá completamente pirada, padre.
Ivan – Então vamos rezar para Deus que ainda não pirou.
(…) Mas o problema era com a namorada do Estácio. Como a gente não sabia o que fazer com ela, inventamos uma viagem para os Estados Unidos (em 1859) durante uns 20 capítulos para ver se achávamos uma saída. Com isso, resolveríamos também um outro problema da novela. O mal, para o autor de novela de época, é não ter telefone. O telefone resolve tudo numa novela. A gente resolveu então colocar telefone na novela para facilitar o diálogo entre os personagens que viviam em fazendas distantes. O departamento de pesquisa da Manchete nos informou que Alexander Graham Bell só patentearia o invento 17 anos depois (…) Isso não era problema para nós.
Que o Machado nos perdoe, mas criamos um personagem-primo da Mayara – que morava na mesma fazenda e era dado a inventos. Estava ele tentando inventar o telefone. Dezessete anos, portanto, antes do Graham Bell. E eis que volta dos Estados Unidos a nossa heroína, toda americanizada, com botas com estrelas brancas em fundo azul, chapéu de caubói e tudo que tinha direito. E trouxe um namoradinho. O namoradinho se chamava Alex Bell. Roubou o invento do primo, deu um pé na bunda dela, voltou para os Estados Unidos, patenteou, ficou rico e famoso.”
Reprises
A partir de 8 de janeiro de 1989, com o fim de Olho por Olho e o atraso na pré-produção de Kananga do Japão, Helena foi resgatada para o horário mais nobre de novelas, às 21h30. Foi exibida até 15 de julho daquele ano, fazendo sala de espera pra Kananga do Japão.
Em 1993, logo após os Bloch retomarem o controle da emissora, a novela voltou a ser exibida, dessa vez na faixa das 16h00 de segunda à sexta. A re-estreia ocorreu em 5 de julho, e foi exibida quase integralmente, só chegando ao fim em 25 de fevereiro de 1994.
Elenco de Helena
- LUCIANA BRAGA – Helena
- THALES PAN CHACON – Estácio
- ELIAS ANDREATTO – Luiz Mendonça
- OTHON BASTOS – Dr. Camargo
- IVAN DE ALBUQUERQUE – Padre Melchior
- MAYARA MAGRI – Eugênia
- ARACY BALABANIAN – Úrsula
- ISABEL RIBEIRO – Tomásia
- YARA AMARAL – Dorzinha
- PAULO VILLAÇA – Salvador
- SÉRGIO MAMBERTI – Amílcar Botelho de Castro
- WÁLTER FORSTER – Dr. Matos
- ELIANE GIARDINI – Joana
- BUZA FERRAZ – Tertuliano
- LUÍS MAÇÃS – Beraldo
- ROBERTO BOMFIM – Firmino
- MARCOS BREDA – Lucas
- CLÁUDIO MAMBERTI – Thales
- CARMEM MONEGAL – Carmen Cortez
- ROSITA TOMAZ LOPES – Madre Superiora
- MÔNICA TORRES – Madalena
- JULIANA CARNEIRO DA CUNHA – Isabel
- CRISTIANE COUTO – Felicidade
- CLÁUDIA BORIONI – Magdala
- ZEZÉ MOTTA – Malvina
- COSME DOS SANTOS – Vicente
- GÉSIO AMADEU – Vátison
- LÉA GARCIA – Chica
- ILÉA FERRAZ – Iléa
- JACYRA SILVA – Maria
- THELMA RESTON – Floriscena
- TÂNIA SECKER – Marilda
- MARCUS VINÍCIUS – Prudêncio
- MARCELO SANTOS – Tião
- VELUMA – Querubina
- GEORGIA GOLDFARD – Taia
- MIGUEL MAGNO – Rodolfo
- FERNANDO AMARAL – Padre Pedro Bastos
- PEDRO VERAS – Gumercindo
- CHIQUINHO BRANDÃO – Bento / Bernardo / Benício
- GEORGE OTTO – Peter
- SANDRO SOLVIAT – Barba Ruiva
- MAURO RUSSO – Ambrósio
- ZÉ FERNANDES DE LIRA – Lirinha
- KATHELINE BONACK – velha da hospedaria
- VERA BRITO – beata
- CRISTOVAN NETTO – escravo
- MARIAH DA PENHA – Isaura
- RÚBENS DE CARVALHO
Participações especiais
- GIANFRANCESCO GUARNIERI – Wálter Scott
- DOMINGOS DE OLIVEIRA – Brandão
- MARCELO PICCHI – D. Pedro II
- MARLENE – Domitila (Marquesa de Santos)